Por Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)
O Brasil alcançou, no último dia 29 de maio, um marco histórico ao ser reconhecido internacionalmente como país livre de febre aftosa sem vacinação. Após décadas de campanhas de imunização e vigilância sanitária rigorosa, o país, de maneira gradual, suspendeu a vacinação em todo o seu território, totalizando mais de 244 milhões de bovinos e bubalinos livres da necessidade de imunização. Essa conquista, oficializada durante a 92ª Sessão Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em Paris, entre 25 e 29 de maio, posicionou o Brasil entre os líderes globais em sanidade animal.

Com o novo status, o Brasil atinge condições sanitárias para disputar mercados internacionais mais exigentes, como Japão e Coreia do Sul, que demandam produtos de origem animal de regiões livres de febre aftosa sem vacinação. Além disso, estima-se uma economia direta de mais de R$ 500 milhões anuais com a suspensão da vacinação. No entanto, essa nova fase exige uma vigilância sanitária ainda mais rigorosa, tanto dos órgãos governamentais, quanto dos produtores, para manter a confiança dos parceiros comerciais e garantir a segurança do rebanho nacional.
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Casos como o da gripe aviária no Rio Grande do Sul, em maio, servem de alerta para os produtores. A atenção ao seu rebanho precisa ser diária, identificando qualquer atitude estranha dos animais e alertando os serviços de saúde estadual e federal ao primeiro sintoma de doença. A erradicação da febre aftosa sem vacinação no Brasil é resultado de um esforço conjunto entre o setor público e privado, incluindo pecuaristas, médicos-veterinários e órgãos de defesa agropecuária. Esse é um passo tão importante que não pode dar margem a retrocessos, reiterando a necessidade de uma vigilância constante.
A conquista do status de país livre de febre aftosa sem vacinação abre caminho para que o Brasil avance na erradicação de outras doenças que afetam a pecuária, como a brucelose, por exemplo uma doença prevalente nos rebanhos no Brasil, que representa riscos à saúde animal e humana.
A experiência bem-sucedida na erradicação da febre aftosa, com planejamento estratégico, investimento em infraestrutura sanitária e engajamento de todos os atores envolvidos, demonstra que é possível alcançar altos níveis de sanidade animal. O Brasil, ao manter e aprimorar seus sistemas de vigilância e controle, não apenas protege seu rebanho, mas também fortalece sua posição no mercado internacional como fornecedor confiável de produtos agropecuários de alta qualidade.