Sob a imponente baleia azul no Museu de História Natural, em Nova York, a moda americana celebrou sua noite mais importante do ano: o CFDA Fashion Awards. A cerimônia — apresentada pela multifacetada Teyana Taylor, que abriu a noite com humor e presença — reuniu veteranos e estreantes do universo da moda num tributo à força criativa que faz dos Estados Unidos um dos epicentros de estilo e identidade.
O presidente do CFDA, Thom Browne, deu as boas-vindas com um discurso sobre a excelência da moda americana, antes de apresentar o primeiro homenageado da noite, Ralph Rucci, vencedor do Geoffrey Beene Lifetime Achievement Award. Em seu discurso, o estilista falou sobre o silêncio e a alma que habita a criação. “Meu trabalho é sobre o núcleo da moda, a quietude. O verdadeiro luxo está na crença interior”, afirmou, agradecendo aos 67 artesãos que deram vida a suas coleções ao longo de 45 anos de carreira.
Ralph Lauren, o eterno rei do “Sonho Americano”
O ponto alto da noite, porém, veio com a atriz Naomi Watts, encarregada de anunciar o prêmio de Designer de Moda Feminina do Ano (American Womenswear Designer of the Year) Bastou uma frase — “um designer lendário que criou o universo que todos associam à moda americana” — para que o público irrompesse em gritos e aplausos. O nome, claro, era Ralph Lauren.
Sentado próximo ao palco, Lauren levantou-se sob olhares calorosos. O prêmio, que se soma a uma coleção de honrarias que inclui até um Fashion Legend Award, reforça o que há muito se sabe: poucos nomes encarnam o espírito americano como ele. O cowboy de terno impecável, o sonho de elegância e liberdade, o eterno criador do mito do “American way of style”.
Donatella, Cynthia, A$AP e o poder da transformação
A emoção também veio de Donatella Versace, homenageada com o Positive Change Award, prêmio dado a quem promove a diversidade, por seu trabalho junto à comunidade LGBTQIA+. Acompanhada por Ariana DeBose, em um icônico vestido de malha metálica Versace, e Amber Valletta, que reviveu o lendário look de selva de Jennifer Lopez, a italiana resumiu a noite em uma frase: “A grande criatividade nasce da diversidade — ela não tem cor, gênero ou orientação.”
A atriz Julianne Moore entregou a Cynthia Rowley o Founder’s Award, e Anna Wintour, em um dos momentos mais comentados, subiu ao palco para homenagear A$AP Rocky com o prêmio de Ícone Fashion (Fashion Icon Award). Em um look Chanel assinado por Matthieu Blazy, o rapper fashionista assumiu o posto com carisma. “Sim, eu sou um ícone — mas nada sem meus pares. Este prêmio é de todos os que ousam quebrar as regras”, disse ele, acompanhado de Rihanna, também de Chanel.
As irmãs Olsen, o novo talento e a herança de Alaïa
As discretas e sempre elegantes Mary-Kate e Ashley Olsen, da The Row, levaram o prêmio de Designer de Acessórios (American Accessory Designer), reafirmando a sofisticação minimalista da marca. Já o estilista Jerry Lorenzo, da Fear of God, venceu o prêmio de Inovação Fashion (Innovation Award) e resumiu sua filosofia com humildade: “Nossa intenção nunca foi inovar, apenas ser honestos.”
O frescor da nova geração veio com Ashlyn Park, da marca Ashlynn, que recebeu o prêmio de Novo Designer (Emerging Designer Award): “Sinto como se estivesse na lua”, disse ela, emocionada. Na sequência, Naomi Campbell apresentou Pieter Mulier, da Alaïa, vencedor do prêmio de Designer Internacional do Ano (International Designer of the Year). A supermodelo lembrou de Azzedine Alaïa com carinho, e Mulier respondeu com emoção: “A moda, sem glamour, é puro trabalho duro.”
A cerimônia se encerrou de forma poética, com o anfitrião Thom Browne recebendo o prêmio de Designer de Moda Masculina do Ano (American Menswear Designer of the Year) pela quarta vez. Romântico e conciso, ele dedicou a vitória ao parceiro Andrew Bolton: “O maior amor da minha vida e a pessoa mais importante da moda.”













