Nada que importa de verdade pode ser medido

Aprendi a calcular todas as coisas. Se o dinheiro dará até o fim do mês, se minhas roupas estão justas, meu peso na balança, quais as notas das minhas filhas. E por aprender a calcular todas as coisas, acabo achando que as únicas coisas importantes são aquelas que se medem.

Então, obcecamos com o peso, com a altura dos filhos, com as horas de trabalho, com a meta da empresa, se as ações subiram, quantos anos tem nossa mãe. Mas, por vezes, os números estão todos corretos, os pesos, alturas, salários e horas estão todas contabilizadas e dentro de todas as expectativas, mas ainda assim algo está errado. Mas como? “Os números não mentem!”.

É que deixaram de fora da matemática o amor. É que os números não medem a alma. Bem como as notas não medem a empolgação do aprendizado. A música está escrita no papel, mas escrita, está morta. O texto está morto se ninguém o lê. O salário, mesmo aqueles enormes, não mede a felicidade.

Sucesso sem felicidade é fracasso. Nada que importa de verdade pode ser medido.

O PIB não mede quantos garotinhos aprenderam a jogar bola com seus pais no último domingo. Não mede a beleza das canções de ninar. Não mede a força dos nossos abraços e a beleza da música que estou ouvindo agora. Se passeei de mãos dadas com minha esposa, se dancei com ela na quarta-feira a noite no meio da sala de estar, ninguém calculou o tamanho do nosso amor. Se consegui fazer uma família feliz, se minhas filhas dormem tranquilas depois de brincar, se o vinho é extraordinário. Quão extraordinário? Não sei, não consigo medir.

Quando nossa alma transborda, nossos olhos se enchem de lágrima, sentimos que há vida, e a beleza da vida e do amor é imensurável. Como tudo que importa.

E ainda assim, prestamos atenção apenas nos números.

A vida é incrível.

Desejo a você muito mais do que sorte.

Marcos Piangers

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