Sem EUA, Conselho de Segurança da ONU diz que fome em Gaza é ‘provocada pelo homem’

Todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, exceto os Estados Unidos, afirmaram nesta quarta-feira, 27, que a fome na Faixa de Gaza é uma “crise provocada pelo homem”. Em comunicado conjunto, os 14 membros apelaram por um cessar-fogo total, imediato e permanente, bem como pela libertação dos reféns mantidos pelo grupo palestino radical Hamas. Eles também pediram para que Israel permita o aumento do fluxo de ajuda humanitária no enclave e suspenda quaisquer restrições à entrada e entrega dos suprimentos.

“A fome em Gaza precisa acabar imediatamente”, disseram no texto. “O tempo é essencial. A emergência humanitária precisa ser enfrentada sem demora e Israel precisa reverter a situação.”

Em uma reunião do Conselho de Segurança, a embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, questionou a credibilidade e a integridade do relatório e alegou que “não passa no teste de nenhum dos dois”, embora tenha ponderado: “Todos reconhecemos que a fome é um problema real em Gaza e que há necessidades humanitárias significativas que precisam ser atendidas. Atender a essas necessidades é uma prioridade para os Estados Unidos”.

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Fome generalizada

Na última sexta-feira, 22, a ONU declarou estado de fome generalizada em Gaza, depois que especialistas alertaram no mês passado que um em cada três dos 2,2 milhões de habitantes do enclave passada dias sem comer. A responsabilidade pela situação foi atribuída a Israel, que descartou a nova classificação como baseada em “mentiras do Hamas”.

Após meses de alertas sobre a situação no território devastado pela guerra, a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), que produz o mais confiável termômetro sobre a fome, elevou sua classificação para a Fase 5 – a mais alta e grave – na Cidade de Gaza e seus arredores. O mesmo cenário deve afetar as áreas de Deir al Balah e Khan Yunis até o final de setembro.

A classificação afirma que mais de meio milhão de pessoas na Faixa de Gaza estão enfrentando condições “catastróficas” caracterizadas por “fome, miséria e morte”. Até o final de setembro, mais de 640 mil pessoas se enquadrarão neste grupo. Enquanto isso, mais 1,14 milhão de pessoas estarão em situação de emergência (Fase 4 do IPC) e outras 396 mil, em situação de crise (Fase 3). Estima-se que as condições no norte de Gaza sejam tão graves – ou piores – quanto as da Cidade de Gaza.

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