O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou a Europa nesta quinta-feira, 2, de “fomentar histeria” contra seu país e afirmou que não hesitará em responder a provocações. Em discurso no Grupo de Discussão Valdai, que se reuniu no balneário de Sochi, no Mar Negro, o chefe do Kremlin afirmou, porém, que não tem intenção de atacar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) primeiro, mesmo que, segundo ele, “todos os países da aliança estejam lutando conosco”.
Às margens do Mar Negro, Putin criticou os europeus por fornecerem inteligência, armas e treinamento à Ucrânia, enquanto afirmou que as forças russas estão avançando por toda a linha de frente na guerra. O presidente acrescentou que, se a Rússia for provocada, a resposta será veloz.
“Todos os países da Otan estão lutando conosco”, disse ele. “Se alguém ainda deseja competir conosco na esfera militar, como dizemos, sinta-se à vontade, deixe-o tentar. As contramedidas da Rússia não tardarão a chegar.”
“Histeria”
Além disso, ele acusou a Europa de alimentar uma histeria militar contra seu país, em aparente referência às reações a recentes incursões de drones russos em uma série de países da Otan.
“As elites da Europa unida continuam a fomentar a histeria. Acontece que a guerra com os russos está quase no ponto de não retorno. Eles repetem esse absurdo, esse mantra, indefinidamente”, disparou. “Sinceramente, eu só quero dizer: acalmem-se, durmam em paz e cuidem dos seus próprios problemas. Basta observar o que está acontecendo nas ruas das cidades europeias.”
“Tigre de papel”
Putin também rejeitou uma fala recente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que descreveu a Rússia como “um tigre de papel”, expressão que indica uma pessoa ou coisa que parece ameaçadora, mas é ineficaz.
De acordo com o chefe do Kremlin, seu exército é o mais capaz do mundo, e se seu país é um “tigre de papel”, então a Otan também é. Ele também desafiou o grupo a “lidar” com a Rússia.
Escalada
A fala ocorreu num momento de escalada de tensões entre a Rússia e a Europa. Nas últimas semanas, ondas de drones identificados como russos invadiram o espaço aéreo de Estados-membros da Otan, como a Polônia, Estônia e Dinamarca. O tema foi o foco de uma reunião do Conselho Europeu em Copenhague sobre a segurança do continente nesta semana.
Países europeus estudam a criação de um “muro de drones” para impedir novas incursões, e avaliam abater as aeronaves não tripuladas — o que Moscou já afirmou considerar uma violação tremenda. Nesse contexto, a premiê dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou que “a Europa vive o momento mais difícil e perigoso desde a Segunda Guerra Mundial”.