Perspectiva de mercado leva a investimento em piscicultura

Curso do Senar-SP ajuda na construção de tanques escavados para a produção de pangáceos e contribui para a rentabilidade no meio rural

A piscicultura tem ganhado relevância crescente no agronegócio paulista, impulsionada tanto pela demanda por proteína animal de qualidade quanto pelas condições favoráveis que o Estado oferece para a atividade. O setor conta com apoio técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e do Senar, que promovem capacitação, assistência técnica e incentivo à gestão eficiente das propriedades aquícolas.

Um dos principais diferenciais da piscicultura paulista está na utilização de tanques escavados, que proporcionam vantagens operacionais, econômicas e ambientais. Geralmente construídos em áreas com boa retenção de água, permitem o controle mais rigoroso da qualidade do ambiente de cultivo, como temperatura, oxigênio e alimentação dos peixes.

“Desenvolvemos uma técnica, para produzir em tanque escavado, com água de poço artesiano, sem a necessidade de uma mina ou córrego, trabalhando com água bombeada e oxigenação artificial, através de aeradores. Isso permite a criação de um peixe de alta qualidade, baixo custo e rentabilidade em torno de 43% a 50% líquido”, explicou o engenheiro agrônomo, especialista em aquicultura pela Unesp e instrutor do Senar-SP há 25 anos, Odenir Visintin Rossafa Garcia.

E foi a rentabilidade que atraiu a produtora Dulcilei Aparecida de Souza a investir na criação de pangasius. Acompanhando o filho que fazia universidade em Mococa, em 2010, ela decidiu investir na criação do peixe.  Na cidade a cadeia produtiva está estruturada com o primeiro frigorífico específico das Américas (que representa uma virada estratégica para a cadeia produtiva), fábrica de ração, uma cooperativa, uma associação, tudo voltado para o pescado. Falta, entretanto, mais apoio, porque é um benefício que só vai trazer vantagem para o setor. Haverá aumento de arrecadação, melhoria na qualidade de vida das pessoas, mais empregabilidade e ajudar a fixar o homem no campo.

“Num tanque de três mil metros, nós produzimos 20 quilos de peixe por metro quadrado, então nós tiramos numa safra 60 toneladas. O lucro hoje gira em torno de 1,60 o quilo, que nos deixa uma margem em torno de 25%. De pouquíssima mão de obra, isso vem agregar valor para quem tem um sítio pequeno, mesmo com um pedaço muito pequeno de terra, ele consegue obter uma renda a mais”, disse Dulcilei.

Arranjos Produtivos são vitais

O coordenador da Comissão Técnica de Aquicultura da Faesp, Martinho Colpani Filho, reiterou a importância da construção de cooperativas para o desenvolvimento do setor. São Paulo, pontuou, é hoje o grande centro consumidor de pescados e tem capacidade de expandir sua produção e ser protagonista no abastecimento do mercado nacional e nas exportações.

“Nós estamos produzindo pangasius. Porque hoje, nos viveiros escavados, a produtividade média nacional está em torno de 10 toneladas por hectare. O Paraná alcança 50 toneladas por hectare com alto índice tecnológico e de investimento. Com baixa tecnologia ou com o uso adequado da tecnologia, minimamente falando, você consegue partir de 200 toneladas por hectare. Um salto gigantesco. 20 vezes mais do que a média nacional e quatro vezes mais do que o Paraná já está produzindo. Isso se traduz em resultado financeiro para o produtor, principalmente para o pequeno, e em eficiência tecnológica e econômica”, ressaltou Colpani.

O presidente da Faesp, Tirso Meirelles, tem trabalhado para que novos arranjos produtivos sejam formalizados, a fim de ampliar a produção paulista e garantir maior rentabilidade para os produtores rurais. “Nós estamos trabalhando para ampliar os investimentos para a criação de novos arranjos produtivos, que irão dinamizar a economia em várias regiões do estado. A piscicultura é uma boa alternativa para os produtores e um mercado que pode crescer muito”, concluiu Meirelles.

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