Início de um novo ciclo exigirá mais atenção dos produtores e um futuro construído a várias mãos
Por Fábio de Salles Meirelles, presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP)
Incerteza quanto ao clima, margem de lucro apertada e aumento dos custos de produção. Esses são apenas alguns dos muitos desafios que a agropecuária está enfrentando e que devem se estender durante o próximo ano.
Apesar das projeções de uma nova produção recorde de grãos no Brasil, puxada principalmente pelo aumento da área plantada, em que o Estado de São Paulo tem destaque com o crescimento das culturas da soja, milho e trigo, a cautela será a palavra de ordem entre os que fazem parte do setor.
A perspectiva de margem de lucro reduzida, devido à queda no preço das commodities, o que reflete diretamente na rentabilidade dos produtores brasileiros, também é um fator que contribui para que o produtor rural adote atitudes mais conservadoras.
Além dos fatores externos, a pressão logística, com frete caro e capacidade de escoamento de produção sendo testada e com limitações, também vai influenciar no desenvolvimento do agro nacional.
E há ainda as taxas de juros, que seguem altas e, apesar da expectativa de redução nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), exigem uma maior gestão de risco nas decisões de investimentos.
No entanto, mesmo diante dessas variáveis, a perspectiva de crescimento para o agronegócio nacional ainda é positiva, tendo como destaques os setores sucroenergético e de suco da laranja, atividades que têm os agricultores paulistas como exemplos mundiais de produtividade.
Nos últimos 40 anos, a produção agropecuária nacional se desenvolveu de tal forma que o Brasil se tornou protagonista e seguirá sendo o grande fornecedor de alimentos. Os produtores rurais são conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e compõem o setor produtivo mais moderno do mundo, que vem transformando a economia brasileira.
Produzindo cada vez mais, o agro brasileiro colaborou para a redução dos preços dos alimentos, contribuindo para a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população urbana, liberando seu poder de compra para bens produzidos pela indústria e pelo setor de serviços.
Ao expandir suas vendas para o mundo, o agro brasileiro conquistou novos mercados, gerando superávits cambiais que estimulam nossa economia.
O efeito transformador da revolução agrícola é certamente um dos acontecimentos mais importantes da história econômica recente do Brasil e continua abrindo perspectivas para o desenvolvimento futuro. Futuro esse que precisa ser cada vez mais discutido e construído a várias mãos.
Devemos pensar em um movimento que una toda a cadeia produtiva através de uma mensagem única que mostre o trabalho que produtores e produtoras desenvolvem no campo e que, certamente, será o responsável por transformar esse novo ciclo do agro nacional em novas oportunidades para o desenvolvimento de inovações e tecnologias.
Afinal, o nosso agro continuará sendo estratégico, robusto e pujante, características que mostram com clareza a importância do setor que se tornou referência e ainda vai trazer mais bons frutos para nossa sociedade e para a economia do Estado de São Paulo, do Brasil e do mundo.
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