Flores-de-maio desabrocham novas cores inéditas em ‘maternidade de cactus’ de zootecnista mariliense pioneiro em cruzamento genético no mundo
Por Rodrigo Viudes
A palheta de cores por tanto tempo restrita ao branco, laranja, rosa e vermelho ganhou novos tons de rara beleza nesta quinta-feira (4) entre as flores-de-maio que adornam a varanda do zootecnista mariliense Valter Saia.
Desta ‘maternidade de cactus’, uma das primeiras dedicadas ao melhoramento genético experimental da espécie no mundo, brotou um exemplar com tons avermelhados de quarta geração e gêmea de outro conhecido há 15 anos.
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“É uma planta de ciclo demorado. O normal é aparecer a primeira flor depois de sete, oito anos. E não tem como acelerar o processo. Se põe muita água, apodrece; se for pouca, a planta não vai”, explica Saia.
‘FOGO BRAZILIAN’
O zootecnista fala com a experiência de exatas três décadas dedicadas ao cultivo de flores-de-maio. “É um hobby científico. Não compro flores, nem ganho. Eu as faço em casa mesmo, aplicando conhecimentos de genética”, diz.
Com as primeiras unidades, herdada dos pais, Saia fez os primeiros cruzamentos, em 1994. Passados quase oito anos, surgiu sua primeira raridade. “Notei que não havia outra igual em nenhum lugar do mundo”, lembra.
Animado com sua descoberta, Saia publicou as fotos de sua flor-de-maio em sua rede social – o Orkut. “Recebi mensagens de amigos da Bélgica, Holanda, Japão, Alemanha, Rússia. Todo mundo curioso com a novidade”, conta Saia.
As imagens ganharam as páginas de uma revista alemã, especializada em flores e a nova tonalidade mariliense ganhou nome: ‘fogo brazilian’. “Para mim, foi uma honra ter meu nome nesta publicação”, afirma o zootecnista.
SEGREDO
Outras flores-de-maio cruzadas por Saia também tiveram nomes e anotados em um site de registro de plantas. A ‘Pérola de Marília’ (branca) e a Solferina (um lilás criado pela mente humana) são duas delas.
“Não nomeei todas porque já cruzei centenas”, afirma Saia. O germosplasma utilizado por ele para reproduzir e criar tantas tonalidades é ‘segredo de estado’. “Sou pioneiro. Outras variações foram inspiradas em meus resultados”.
Nativa de uma região específica entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, as flores-de-maio não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo, exceto que tenham sido retiradas de seu habitat ou reproduzidas de outros exemplares.
Apesar do nome de mês de outono que recebeu, costuma florescer no inverno. Saia percebeu que, a depender da temperatura, o ‘miolo’ muda de cor. “Abaixo dos 9 graus, fica vermelho; acima dos 16, muda para o branco”.
DICAS DE CULTIVO
Além da varanda do zootecnista, as flores-de-maio estão espalhadas pelas residências da cidade. Saia orienta que a planta seja mantida em ambientes parecidos ao natural: debaixo de sombra, fora direto do alcance dos raios solares.
“Essa planta não tolera adubo e o vaso tem que estar bem drenado. Se chover em cima, perde-se o controle de umidade”, orienta. “Apesar dos cuidados necessários, é uma planta bem fácil de cultivar em casa”.
Saia diz ter vasos em uso desde o início de seus cuidados e experimentos, ainda na década de 1990. E já está na expectativa das cores que estão por vir. “Cada cor que aparece é uma alegria muito grande. É como um pai que conhece seus filhos”.