Olá, queridas leitoras,
por Juliana Farah
Não sei se por coincidência ou não, no mês de março, celebramos, mundialmente, dois pilares fundamentais para a sobrevivência da vida humana: a mulher e a água, oportunidades em que somos convidados a refletir sobre as desigualdades que permeiam a nossa sociedade e como esses temas se entrelaçam.
Segundo dados do Instituto Trata Brasil, cerca de 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável e em três, das cinco das regiões do país (Norte, Nordeste e Sul), menos da metade da população é coberta com a coleta de esgoto.
📲 Participe do canal Fala Marília no WhatsApp
Em comunidades onde o acesso à água bebível é limitado, são as mulheres que frequentemente assumem a responsabilidade de buscá-la, enfrentando longas distâncias para abastecer suas famílias e propriedades. Essas caminhadas, além de exigirem grande esforço físico, acabam privando-as de oportunidades como educação, trabalho remunerado e tempo para o autocuidado, o que as impedem de evoluírem cultural e economicamente.
A sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados, que recai desproporcionalmente sobre as mulheres, dificulta a participação plena delas no empreendedorismo e no mercado de trabalho, como constantemente tratamos neste espaço. Elas são apenas 34% dos donos de negócios, como indica a plataforma DataSebrae e uma pesquisa da FGV de 2018 aponta que elas ocupam o mesmo percentual (somente) de cargos de liderança no agronegócio.
Sabemos que a escassez hídrica e a falta de saneamento básico adequado aumentam o risco de doenças e a situação de vulnerabilidade, impactando a saúde e o bem-estar das mulheres e suas famílias. Da mesma forma, a sub-representação feminina, nas organizações e em espaços de decisão, perpetua a desigualdade e se constitui como um dos desafios para a melhoria da qualidade de vida, seja no campo ou na cidade.
São obstáculos sistêmicos, nos dois aspectos, que se cruzam e refletem as mazelas que ainda persistem na sociedade e que exigem ações coordenadas do poder público e da iniciativa privada, como forma de garantir um futuro mais justo e sustentável.
Neste mês, que comemoramos o Dia Internacional da Mulher e Dia Mundial da Água, reafirmamos o compromisso da Comissão Semeadoras do Agro de trazer as mulheres para a visibilidade, destacando o papel delas como agentes de mudança e vozes ativas na preservação dos recursos naturais, aliado a uma produção sustentável, criando um impacto positivo que transcende gerações.
Contem conosco nessa jornada.
Com carinho,
Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)