O cantor e compositor Lô Borges, ícone da música brasileira e fundador do grupo Clube da Esquina, morreu na noite deste domingo, 2, aos 73 anos. A informação foi confirmada pelo Hospital Unimed, em nota enviada à imprensa.
Segundo o comunicado, o músico morreu às 20h50,l de ontem, em decorrência de uma falência múltipla de órgãos. Borges foi hospitalizado por conta de uma intoxicação medicamentosa, e estava internado na Unidade Terapia Intensiva (UTI) desde 17 de outubro.
Nascido Salomão Borges Filho em 1952 em Belo Horizonte, Borges já era aficionado por música na adolescência e fascinado pelos Beatles, que homenagearia mais tarde por meio da canção Para Lennon e McCartney. Aos 18 anos, ele estava pronto para servir no exército, mas foi escorraçado por um capitão que lhe disse que tocar violão era “coisa de comunista”. Foi resgatado pelo carioca Milton Nascimento, com quem já havia colaborado. O músico havia se mudado para a capital mineira a fim de prestar o vestibular de economia anos antes, mas acabou encantado pelo grupo de artistas que encontrou na pensão em que morava. Convidou Borges para gravar um disco colaborativo ao seu lado no Rio de Janeiro e, assim, surgiu o clássico Clube da Esquina em 1972.
Em 2022, o músico falou a VEJA sobre os 50 anos do disco e relembrou: “Foi uma conjunção de pessoas inspiradas e talentosas, com letristas, músicos, arranjadores e técnicos, todos trabalhando juntos. Para mim, foi mágico. Milton é meu irmão desde 1962, quando eu tinha 10 anos de idade. Meu pai e minha mãe o consideravam como um filho. Nosso entrosamento é muito grande. Na época da composição do álbum, nós morávamos juntos no Rio de Janeiro. Ele compunha no quarto dele e eu no meu. Eu jamais sonhei que lançaria um álbum aos 19 anos de idade e que ele se tornaria histórico. Milton apostou em mim. Ele me bancou. A gravadora não queria fazer um álbum duplo, ainda mais com um desconhecido chamado Lô Borges. Daí eles ouviram as oito músicas que eu escrevi, como Girassol da Cor do Seu Cabelo, Trem Azul, Nuvem Cigana e falaram: ‘o Milton tem uma certa razão, o menino leva jeito’. Nossa música, mesmo tendo matizes diferentes, dialogava. Milton era o jazz, a bossa nova, a africanidade, a latinidade. Eu era o adolescente que amava os Beatles e os Rolling Stones”.
Após perceber o talento do jovem, a gravadora Odeon lhe ofereceu a oportunidade de estrear em carreira solo, o que resultou em um álbum de estúdio autointitulado, conhecido como “o disco do tênis” por conta de sua capa. Em 2018, o trabalho ganhou projeção internacional renovada quando o inglês Alex Turner, da banda Arctic Monkeys, citou a faixa Aos Barões como inspiração para o álbum Tranquility Base Hotel & Casino. Ao todo, Borges lançou 18 discos. Sete deles foram divulgados em anos consecutivos desde 2019, sendo o mais recente Céu de Giz, feito em parceria com o maranhense Zeca Baleiro.
Borges era o sexto dos 11 filhos de seus pais. Em 1998, teve o filho Luca Arroyo Borges.
Em 27 de outubro, seu irmão Yé divulgou que Lô estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Belo Horizonte após uma intoxicação por medicamentos.
Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:
- Tela Plana para novidades da TV e do streaming
- O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
- Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
- Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial
