Bloqueio de recursos para seguro rural estrangula a atividade, em especial nas pequenas e médias propriedades
Entre tantos problemas enfrentados pelos produtores rurais no país, em especial os pequenos e médios, a questão do seguro rural é uma das mais preocupantes. Com o bloqueio de 42% das verbas do Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR), pelo governo federal, a vulnerabilidade aumenta no campo, colocando em risco a continuidade de muitas famílias no meio rural.
Nos Estados Unidos e na União Europeia os índices de cobertura do seguro rural são significativamente mais elevados do que no Brasil, refletindo políticas públicas robustas de proteção ao setor agropecuário. Nos EUA, por exemplo, o seguro agrícola cobre cerca de 90% da área cultivada, com forte participação governamental na subvenção dos prêmios, garantindo previsibilidade e estabilidade para os produtores. Na Europa, embora haja variações entre os países, a média de cobertura também é elevada, com políticas de apoio vinculadas à Política Agrícola Comum (PAC), que integra mecanismos de seguro como ferramenta essencial para a gestão de riscos climáticos e de mercado. Esse suporte institucional reduz a vulnerabilidade dos produtores e fortalece a competitividade do setor agrícola nessas regiões.
“O que estamos vendo é o desmonte do setor agropecuário, com a diminuição das áreas cobertas pelo seguro rural e a vulnerabilidade dos produtores, em especial pequenos e médios. O secretário Nacional de Política Agrícola, Guilherme Campos, afirmou que há um estudo para um novo tipo de seguro e estamos na expectativa, porque atualmente a produção está em grave risco”, alertou Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).
Já no Brasil, a realidade é distinta: o PSR, que deveria estimular a contratação de apólices, enfrenta cortes recorrentes no orçamento e atrasos na liberação de recursos. Como resultado, a área segurada no país tem diminuído nos últimos anos, afetando especialmente pequenos e médios produtores, que possuem menor capacidade financeira para absorver perdas decorrentes de quebras de safra. Nos últimos três anos a área coberta caiu 47%, apesar dos eventos climáticos extremos.
A baixa cobertura expõe esses agricultores a riscos crescentes em um cenário de mudanças climáticas e instabilidade nos preços das commodities, fragilizando não apenas a renda das famílias rurais, mas também a resiliência da própria produção agrícola nacional. “Como motor da economia nacional, o setor deveria ter uma atenção especial do governo, mas é fragilizado a cada decisão equivocada da política econômica”, concluiu Meirelles.