Lula diz que não quer uma invasão dos EUA na Venezuela: ‘A gente resolve com diálogo’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 4, em Belém, que é contra uma possível ofensiva militar dos Estados Unidos na Venezuela. “Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre”, disse ele em entrevista a agências internacionais, entre elas a AFP, em meio à escalada de tensões entre os países.

Lula contou ter transmitido a mensagem diretamente a Donald Trump durante encontro recente em Kuala Lumpur, na Malásia. “Eu disse a ele que problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogos”, declarou. O petista sugeriu que os Estados Unidos concentrem seus esforços em apoiar os países latino-americanos no combate ao tráfico de drogas, em vez de “atirar contra esses países”.

A fala ocorre às vésperas da COP30, conferência do clima das Nações Unidas, que será realizada na capital paraense nesta quinta e sexta-feira, e poucos dias antes da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), marcada para os dias 9 e 10 de novembro, na Colômbia, onde o tema deve ser debatido.

O pronunciamento também vem após Lula propor, em encontro com Trump, uma saída “política e diplomática” para a crise venezuelana e oferecer o Brasil como mediador de uma eventual negociação — iniciativa que foi mal recebida pela líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, que vem declarando apoio às ações militares americanas no Caribe e Pacífico.

Guerra às drogas 2.0

Trump tem endurecido sua retórica contra cartéis de drogas mexicanos e sul-americanos, que classificou como “organizações terroristas estrangeiras”. Desde setembro, o governo americano conduz operações militares em águas próximas à Venezuela, com o argumento de combater o contrabando. Segundo o Pentágono, 64 pessoas, entre elas membros do cartel Tren de Aragua, foram mortas em 16 ataques a embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico.

O presidente considera o tráfico de drogas por gangues mexicanas, venezuelanas e de outros países uma ameaça à segurança nacional. Segundo ele, os métodos tradicionais de aplicação da lei (apreensão de narcóticos na fronteira, em aeroportos e no mar, além de investigações contra chefes de cartéis e seu financiamento) não têm sido suficientes para conter o problema, que mata dezenas de milhares de americanos todos os anos.

Desde setembro, a administração Trump vem conduzindo uma campanha militar contra embarcações suspeitas de contrabando em águas próximas à Venezuela. O Pentágono informou que 64 pessoas, incluindo membros do cartel Tren de Aragua, foram mortas em 16 ataques a barcos no Caribe e no Pacífico. As autoridades não divulgaram nomes ou outros detalhes das vítimas, nem apresentaram provas que sustentem suas alegações sobre os barcos, passageiros ou cargas.

Além dos ataques concentrados nos litorais da Venezuela e, mais recentemente, Colômbia, a emissora americana NBC News revelou na segunda-feira 3 que o governo dos Estados Unidos iniciou um planejamento detalhado para operações militares e de inteligência no México para perseguir cartéis de drogas. Nesta terça, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, enfatizou que uma invasão “não vai acontecer” em seu país.

Trump sustenta que as operações servem como uma mensagem aos cartéis: quem tentar contrabandear drogas para os EUA enfrentará punição letal. A campanha inclui ainda pressão política direta sobre o presidente Nicolás Maduro, acusado pelo presidente de integrar um cartel de drogas. O governo americano oferece recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão do líder venezuelano.

As investidas foram condenadas em países da região e por uma série de juristas, em meio a preocupações de que as ações estejam em violação do direito internacional.

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