O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que os chefes de Estado da Europa não querem a paz na Ucrânia. A declaração foi dada neste domingo, 24, durante entrevista à emissora americana NBC, na qual o chanceler russo também elogiou os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito.
“Ele quer, o presidente Trump quer a paz na Ucrânia. A reação à reunião de Anchorage, a reunião em Washington desses representantes europeus e o que eles estavam fazendo depois de Washington, indica que eles não querem a paz”, afirmou o diplomata russo, se referindo as cúpulas no Alasca e na Casa Branca, ocorridas em 15 e 18 de agosto.
Apesar de enaltecidas pelo mandatário americano, as negociações não resultaram em um cessar-fogo ou em um encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky. Para muitos, as tratativas foram uma vitória para Putin, em um cenário no qual Moscou rejeita categoricamente qualquer garantia de segurança que envolva o posicionamento de tropas estrangeiras na Ucrânia.
Embora os líderes europeus tenham demonstrado interesse em se comprometer com a segurança de Kiev, a possibilidade de enviar militares americanos foi descartada por Trump. Na sexta-feira, 22, o jornal americano The Wall Street Journal relatou que a Casa Branca bloqueou o uso de mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA em um possível ataque a território russo.
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O principal diplomata do Kremlin disse que seu país quer alcançar um acordo de paz, mas que se deve “deixar as pessoas irem”, fazendo referência às aspirações russas a territórios da Ucrânia, como o Donbas. “Na Crimeia decidiram que pertencem à cultura russa”, afirmou, em referência a um plebiscito ilegal realizado em 2014, mesmo ano que Moscou ocupou a província.
Durante a entrevista, Lavrov negou que Moscou tenha bombardeado alvos civis na Ucrânia, incluindo hospitais e escolas, insinuando que Kiev é responsável por atacar sua própria população. “Nossa inteligência tem informações muito boas e visamos apenas empresas militares, instalações militares ou empresas industriais diretamente envolvidas na produção de equipamentos militares para o exército ucraniano”, disse o diplomata.