Os rios Ravi, Sutlej e Chenab atingiram níveis críticos na província de Punjab, no Paquistão, provocando inundações simultâneas que já deslocaram cerca de 1,8 milhão de pessoas desde o mês passado. Apenas nas últimas 24 horas, mais de 500 mil habitantes foram forçados a abandonar suas casas, informou o comissário de ajuda humanitária do Punjab, Nabeel Javed, nesta quinta-feira, 4.
As cheias, intensificadas pelas chuvas de monções e pela liberação de água de represas na Índia, submergiram cerca de 3.900 vilarejos. Para reduzir o impacto, autoridades abriram brechas em barragens ao longo do Rio Chenab, tentando desviar parte do fluxo e proteger áreas mais populosas. Mesmo assim, 46 pessoas já morreram, segundo a Autoridade Provincial de Gestão de Desastres.
Moradores relatam ter fugido às pressas após alertas transmitidos por alto-falantes de mesquitas. Milhares de socorristas, com apoio do Exército paquistanês, participam de operações de resgate, transporte de pessoas e animais, além da distribuição de suprimentos. Organizações humanitárias mobilizaram mais de 10 mil voluntários para fornecer refeições, atendimento médico e transporte seguro, tendo distribuído até o momento mais de 800 mil refeições.
O governo paquistanês afirma ter recursos suficientes para enfrentar a crise e, por enquanto, não solicitou ajuda internacional. Ainda assim, o Reino Unido anunciou um pacote adicional de 1,6 milhão de libras para apoiar comunidades vulneráveis. A Autoridade Nacional de Gestão de Desastres alertou que novas chuvas devem atingir a região nas próximas 48 horas, elevando o risco de transbordamento do Rio Indo e de novas inundações no sul do país.
As autoridades classificam esta como a pior enchente desde 2022, quando quase 1.700 pessoas morreram no Paquistão. “No total, 3,8 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes em Punjab”, afirmou Javed, destacando que a prioridade é manter o ritmo das evacuações para evitar novas mortes.