Gatos e relações: o que realmente importa para eles?

Por: Rogério Cabral

27/06/2025

Mesmo aos que não simpatizam com gatos, os bichanos são considerados fascinantes. Seja pela beleza, por sua ancestralidade, ou mesmo pelo comportamento misterioso, que transita entre a independência natural e o apego afetuoso resultante da domesticação. 

Não é à toa que a população de gatos vem conquistando cada vez mais o coração e atenção dos brasileiros. De acordo com o Censo Pet IPB (2022), a população de gatos em lares domésticos no país subiu de 25,6 milhões (2020) para 34 milhões em 2022 (Euromonitor 2023). Nesta esteira, há uma estimativa de crescimento médio anual de 2,5%. 

No universo dos bichanos, uma pergunta frequente paira no ar: os gatos são mais apegados ao ambiente ou às pessoas que os cercam? 

De acordo com a bacharel em Medicina Veterinária, Larissa de Angeli, de fato os gatos podem preferir o ambiente em que vivem em relação à interação direta com seus tutores, e essa preferência está relacionada a vários fatores que influenciam o comportamento e o bem-estar dos felinos.

“Os gatos são animais que, apesar de serem domesticados, preservam muitos comportamentos de seus ancestrais selvagens. Eles têm uma forte necessidade de explorar e interagir com o ambiente ao seu redor, o que é fundamental para seu bem-estar. A falta de estímulos ambientais adequados pode levar a distúrbios comportamentais, uma vez que os gatos precisam expressar comportamentos naturais, como caça, exploração e brincadeiras”, afirma Larissa.

E por falar em comportamento, pesquisas como “O impacto do confinamento e do convívio social no bem-estar e comportamento dos gatos domésticos”, do Instituto de Biociências da Universidade do Rio Grande do Sul, mostra que a qualidade das interações sociais que os gatos têm com seus tutores também impactam em suas vidas e que, a falta de informação dos tutores sobre as necessidades ambientais dos felinos contribui para essa situação, resultando em um baixo nível de bem-estar. “Gatos que vivem em ambientes que não oferecem recursos suficientes ou que não permitem a expressão de comportamentos naturais podem desenvolver estresse e ansiedade, o que pode afetar sua relação com os humanos”, explica Larissa. 

A mesma pesquisa revela que há cinco importantes pilares para um ambiente saudável aos gatos: 1) oferta de um lugar seguro, 2) recursos múltiplos e separados, 3) oportunidades de brincadeiras, 4) interações sociais positivas e 5) um ambiente que respeite seus sentidos aguçados, e que, quando esses pilares não são atendidos, os gatos podem se sentir mais confortáveis em explorar e interagir com o ambiente do que com seus tutores.

Larissa ainda reforça que “os gatos são caçadores por natureza e precisam de oportunidades para expressar comportamentos de caça, como brinquedos interativos, arranhadores e atividades que estimulem a caça, que são essenciais para mantê-los mentalmente e fisicamente ativos”. 

A mesma pesquisa mencionada, mostra que os gatos têm uma percepção única de seus tutores, e, embora sejam frequentemente considerados independentes, são animais sociais que formam laços com suas famílias humanas, podendo a relação ser a uma amizade, em que o gato busca conforto e segurança na presença do humano. 

“Os gatos podem demonstrar afeto por meio de comportamentos como ronronar, esfregar-se contra o dono e seguir a pessoa pela casa. Esses comportamentos indicam que o gato vê o tutor como uma fonte de segurança e apoio emocional”, finaliza Larissa. 

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