Fofos e delicados, hamsters precisam de ambiente seguro e alimentação balanceada

Nos últimos anos a busca por pets não convencionais, como os hamsters, apresentou um exponente crescimento, principalmente devido a verticalização das moradias.

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Contudo, esses animais requerem cuidados muito específicos e diferentes de cães e gatos, sendo preciso antes da escolha entender quais são as suas necessidades.

Para explicar um pouco sobre o manejo adequado dos hamsters conversamos com a médica-veterinária mestre em animais selvagens, Raquel Naomi Tanaka Scaduto.

“Primeiramente estamos falando de um roedor e sua anatomia apresenta diversas particularidades. Um exemplo é o crescimento contínuo de seus dentes. Ao contrário da maioria dos mamíferos, cujos dentes crescem apenas uma vez, os dos hamsters crescem durante toda a sua vida”, explica.

Por conta dessa característica, a profissional relata que é fundamental investir em recursos para que ocorra o desgaste natural da dentição, evitando hipercrescimento dentário, que pode causar dor, ferimentos na boca e dificuldades para se alimentar.

hamster comendo
A dentição dos hamsters cresce de forma contínua, sendo necessário criar estratégias para evitar supercrescimento (Foto: Reprodução)

Hábitos e personalidade dos hamsters

Raquel relata que esses são animais noturnos, ou seja, que vão fazer barulho a noite.

“Durante o dia eles passam a maior parte do tempo dormindo e não é aconselhado acordá-los. Já à noite ficam super ativos, vão correr na rodinha, cavar, escalar, roer, comer e bagunçar. Por isso, é indicado que seu terrário fique em um cômodo separado de onde as pessoas dormem”, informa.

Além disso, a médica-veterinária explica que dificilmente um hamster doméstico irá hibernar, pois para isso a casa teria que estar muito fria e ter falta de alimento.

“No entanto, em temperaturas abaixo de 15ºC e com falta de alimento ou luz, podem estrar em torpor, que é um estado temporário de baixa atividade e metabolismo. Não é indicado manter o animal nessa condição, sendo necessário sempre deixar o local aquecido, com temperatura em torno de 22ºC, e com oferta de alimentos”, pontua.

Ainda segundo a especialista, os hamsters são sensíveis ao barulho e quando mantidos em ambientes barulhentos ou com excesso de estímulos podem apresentar um quadro de estresse, que leva a problemas de saúde, perda de pelo e comportamento agressivo.

“A maioria das espécies são solitárias e territorialistas. Logo, colocar dois hamsters juntos pode causar brigas, ferimentos graves e até a morte”, completa.

Cuidados com a alimentação

De acordo com a médica-veterinária, esses pets são onívoros, ou seja, se alimentam tanto de alimentos de origem vegetal quanto animal.

“Para eles é muito importante oferecer ração extrusada de qualidade e evitar a famosa mistura de sementes, que é extremamente gordurosa e pode levar a obesidade. A dieta pode ser complementada com pequenas porções de frutas, verduras e legumes frescos, sempre em moderação e pensando no tamanho do estômago do animal”, aconselha.

Além disso, deve-se tomar cuidado para não oferecer alimentos tóxicos, como cebola, alho, batata crua ou frutas cítricas.

“Jamais deve-se ofertar alimentos como chocolate, álcool, cafeína, leite e derivados, produtos industrializados, frituras, alimentos açucarados e rações de outros animais”, recomenda.

Scaduto também esclarece que os hamsters possuem uma estrutura chamada bolsa jugal, que fica na região da bochecha e serve para armazenar e transportar alimentos com segurança.

“Devido a isso, deve-se ter uma atenção especial com alimentos que podem machucar e sempre tomar cuidado ao manipular o animal, pois a bolsa pode prolapsar e apresentar abcessos ou infecções”, informa.

hamster na gaiola
A gaiola dos hamsters deve ter um tamanho adequado para promover qualidade de vida ao animal (Foto: Reprodução)

Predisposição a doenças

A médica-veterinária relata que a principal causa de doenças nos hamsters é o erro de manejo, que predispõe ao desenvolvimento de diversos problemas, como:

  • Obesidade;
  • Diabetes;
  • Pododermatites: inflamação dos pés, normalmente, causada por falta de higiene;
  • Hipercrescimento dentário;
  • Feridas devido a presença de objetos perigosos dentro da gaiola;
  • Problemas respiratórios: ocasionados por contato com corrente de ar ou uso errado do substrato;
  • Problemas dermatológicos: podem ser causados por ácaros, falta de higiene e estresse;
  • Problemas digestivos, como diarreia;
  • Prolapso ou inflamação da bolsa jugal.

Além disso, esses pets não convencionais possuem predisposição a algumas doenças, como os tumores.

“É recorrente o desenvolvimento de tumores, como osteossarcoma e linfoma, e a presença de nódulos benignos. Também é comum fêmeas apresentarem infecção de útero, sendo indicado a castração nesses casos”, afirma.

Vale a pena saber ainda que não existem vacinas para os hamsters. Com isso, Raquel informa que a melhor maneira de prevenir doenças é através de manejo correto, alimentação adequada, higienização e check-up frequente no veterinário

Enriquecimento ambiental

Diversas são as maneiras de proporcionar enriquecimento ambiental a esses animais. Inclusive, esse cuidado não somente previne o estresse, como também pode colaborar com a saúde, especialmente dentária.

“Oferecer brinquedos de madeira própria para roedores, galhos naturais, blocos minerais, feno e alimentos duros é uma forma correta de estimular o desgaste dentário. Por outro lado, é importante evitar brinquedos de plástico ou objetos com tecidos, pois podem ser ingeridos e causar sérios danos ao sistema digestivo”, cita a profissional.

A escolha de gaiola adequada é outro ponto de extrema importância no manejo desses pets. Segundo Scaduto, deve-se oferecer aos hamsters um ambiente mais próximo possível do seu habitat possível. Por isso, as gaiolas populares para eles acabam sendo muito pequenas.

“Gosto bastante de terrários com espaços generosos, disponibilizando áreas para escavação, rodinhas para exercícios físicos e gasto de energia, toquinhas para se esconderem e substrato para cavarem”, relata.

Com ao substrato, ela indica forrar a gaiola com fontes de celulose, como papel específico para hamster ou até papel toalha branca, o que vai facilitar visualização da coloração de urina e a quantidade e textura de fezes.

“Algumas marcas de substrato de serragem apresentam micropartículas, que podem ser inaladas e causar infecções respiratórias, além de fazerem muita bagunça e dificultar a limpeza”, pontua.

Inclusive, Raquel indica que a forragem da gaiola deve ser trocada cerca de três vezes por semana. Durante a limpeza do recipiente deve-se tomar cuidado com o uso de produtos de limpeza com cheiro forte ou álcool puro, pois podem ser prejudiciais a esses pets.

Já no quesito enriquecimento ambiental, a veterinária indica o uso de rodinhas de exercícios, sempre prestando atenção no diâmetro adequado, e ressalta a necessidade de uma toca, pois muitos hamsters passam a maior parte do dia dormindo.

“Alguns também gostam de tomar banho seco com pó específico para hamsters, o que ajuda na higiene e alivia o calor”, conclui.

FAQ sobre os hamsters

Qual a expectativa de vida média desses animais?

Os hamsters são um dos pets que possuem menor expectativa de vida. Os domésticos podem viver entre 1,5 até 3 anos. Normalmente, quanto menor a espécie, menor sua longevidade.

De quanto em quanto tempo é recomendado levar os hamsters para check-ups veterinários?

Por conta da expectativa de vida mais curta, é importante realizar check-ups, no mínimo, a cada seis meses, pois esses animais passam da fase adulta para a sênior muito rápido. O acompanhamento regular é importante para detectar precocemente problemas de saúde e ter orientações quanto ao manejo adequado.

Os hamsters precisam tomar vermífugo?

Não é indicado fornecer vermífugo a esses pets sem que exista o diagnóstico de parasitas intestinais.

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