O chip, criado por cientistas da Escócia, imita a forma como as drogas fluem através do corpo humano

Por Renata Turbiani

Há anos se buscam soluções para acabar com os testes em animais no desenvolvimento de novas drogas. Agora, cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, criaram um dispositivo que é capaz de avaliar os medicamentos sem recorrer a camundongos, coelhos e outras espécies.

O chip de plástico e impresso em 3D imita a forma como os remédios fluem através do corpo de um paciente. Ele tem cinco compartimentos que reproduzem o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o cérebro humanos – todos são conectados por canais que fazem as vezes do sistema circulatório.

Além disso, o dispostivo usa tomografia por emissão de pósitrons (PET) para produzir imagens 3D detalhadas que mostram o que está acontecendo dentro dos órgãos. Essa varredura envolve a injeção de pequenas quantidades de compostos radioativos para transmitir sinais a uma câmera.

“Este dispositivo é o primeiro a ser projetado especificamente para medir a distribuição de medicamentos, com um fluxo uniforme combinado com compartimentos de órgãos grandes o suficiente para amostrar a absorção de medicamentos para modelagem matemática. Essencialmente, permite-nos ver onde um novo medicamento vai no corpo e quanto tempo permanece lá, sem ter que usar um ser humano ou animal para testá-lo”, disse o inventor Liam Carr ao The Guardian.

Ele acrescentou que “a plataforma é totalmente flexível e pode ser uma ferramenta valiosa para investigar” diversas patologias, como câncer e doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e imunológicas. “Devido a essa flexibilidade, os usos estão limitados apenas pela disponibilidade desses modelos celulares e pelas questões científicas que possamos imaginar”, salientou.

A supervisora de Carr, Adriana Tavares, do Centro de Ciências Cardiovasculares (CVS) de Edimburgo, complementou que ligar cinco órgãos em um único equipamento ajudaria os cientistas a estudar efetivamente como um novo medicamento pode afetar todo o corpo do paciente.

“Esta é uma área realmente importante da investigação médica, pois aprendemos continuamente sobre como as doenças tradicionalmente consideradas restritas a um órgão ou sistema podem ter diversos efeitos em outros órgãos distantes ou em diferentes sistemas interligados”, explicou.

Ela listou ainda outros benefícios da solução: redução significativa no custo da descoberta de medicamentos, aceleração da tradução de medicamentos para a clínica e melhora da compreensão dos efeitos sistémicos das doenças humanas.

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