Dia Mundial contra a Raiva reforça importância da prevenção contra essa doença fatal

A Raiva é uma doença potencialmente fatal, que acomete animais e seres humanos. De acordo dados do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2025 foram registrados 50 casos da enfermidade em humanos no Brasil.

Desses, nove foram causados por mordidas de cães, 22 por morcegos e sete por primatas não humanos. Os números podem não parecer elevados. Contudo, para uma doença com mínimas taxas de sobrevivência acendem um alerta.

Por isso, neste Dia Mundial contra a Raiva conversamos com a médica-veterinária pós-graduada em Clínica Médica e Cirúrgia de pequenos animais, mestre em Ciência Animal e docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), Aline Ambrogi.

Segundo ela, a doença é uma das zoonoses mais graves do mundo porque tem letalidade próxima de 100%, tanto em animais quanto em seres humanos.

“Essa é uma enfermidade neurológica progressiva, que, uma vez manifestada clinicamente, não possui tratamento eficaz. Outro problema é a possibilidade de transmissão entre espécies, incluindo humanos, que torna seu impacto em saúde pública extremamente importante”, explica.

Raio-x da doença

Aline esclarece que a Raiva é causada por um vírus, pertencente ao gênero Lyssavirus e a família Rhabdoviridae.

A enfermidade pode se manifestar de duas maneiras: furiosa ou paralítica.

“Dentre os sinais clínicos mais comuns estão alterações comportamentais, como agressividade ou apatia incomum; hipersalivação; dificuldade de deglutição; convulsões; e paralisia progressiva, que geralmente leva à morte”, pontua.

O ciclo de transmissão da doença é simples. De acordo com a médica-veterinária, a transmissão ocorre, principalmente, pela mordida de um animal infectado, pois o vírus está presente em alta concentração na saliva.

“A contaminação também pode acontecer por arranhaduras ou contato de mucosas/feridas abertas com a saliva de animais doentes”, relata.

Cachorro raivoso
A agressividade é um dos sinais clínicos comuns da Raiva (Foto: Reprodução)

Morcegos são a principal fonte de infecção

É bastante comum que a Raiva seja associada aos morcegos e isso não é à toa. A docente da UniFAJ esclarece que esses animais são reservatórios naturais do vírus da raiva.

“Eles podem transmitir a doença a outros animais e humanos por meio de mordidas. Atualmente, no Brasil, a maioria dos casos registrados tem origem em morcegos, que atuam como principal mantenedor da circulação viral”, informa.

Já os cães e gatos são considerados hospedeiros intermediários importantes.

“Embora a principal fonte de infecção, hoje, sejam os morcegos, cães e gatos não vacinados podem atuar como elo entre a fauna silvestre e os seres humanos, ampliando o risco de surtos urbanos”, relata a profissional.

Com isso, Aline orienta que jamais deve-se manipular um morcego. Caso se encontre um desses, o recomendado é entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses da cidade para que a sua retirada ocorra da forma mais segura.

Prevenção é fundamental

Como a Raiva é considerada fatal em animais e humanos, a melhor saída é prevení-la.

Sendo assim, Ambrogi pontua que a formas de prevenção da doença são: vacinação anual de cães e gatos; controle populacional de animais errantes; educação em saúde para conscientizar tutores; evitar contato com morcegos e outros animais silvestres; e procurar atendimento médico imediato em caso de exposição suspeita.

“Em casos de uma possível exposição, como ao levar uma mordida de um animal na rua, deve-se lavar imediatamente o ferimento com água corrente e sabão e procurar atendimento médico (se humano) ou veterinário (se animal) de urgência”, recomenda.

Nessa situação é avaliada a necessidade de vacinação ou revacinação contra a Raiva. Aline esclarece que existem vacinas para profilaxia pré-exposição (em profissionais de risco, como veterinários) e para profilaxia pós-exposição, ou seja, quando ocorre contato suspeito com o vírus.

“A vacinação é obrigatória para cães e gatos, independentemente da idade ou estilo de vida. A primeira dose deve ser administrada a partir dos três meses de idade e são indicados reforços durante toda a vida do animal”, explica.

Para pessoas com alguma restrição financeira, prefeituras de diversas cidades realizam a vacinação gratuita de animais domésticos.

“Vacinar é um ato de responsabilidade individual e social fundamental para a proteção do animal, da família e da comunidade”, finaliza a médica-veterinária.

FAQ sobre a Raiva

A Raiva tem cura em animais ou seres humanos?

Não. Tanto em animais, quanto em pessoas, a doença é considerada fatal após o início dos sintomas clínicos. Existem alguns casos de humanos que responderam ao tratamento da Raiva, mas são extremamente raros.

Quais são os sintomas da Raiva?

Os sinais clínicos mais comuns da enfermidade são agressividade ou apatia incomum; hipersalivação; dificuldade de deglutição; convulsões; e paralisia progressiva.

Como prevenir a enfermidade?

A vacinação em cães e gatos é uma das principais formas de prevenção da Raiva. Além disso, não se deve manipular morcegos ou outros animais silvestres e, em casos de possível exposição ao vírus, é fundamental buscar por atendimento médico.

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