Deficiência visual e dança: “Nos palcos, sinto que posso voar”

Aos 46 anos, Gisele Camillo realiza um sonho de infância: ser bailarina. O desejo de dançar sempre esteve presente. Mas a baixa visão, diagnosticada logo que nasceu, dificultou um pouco as coisas. “Tentei dançar quando criança em algumas escolas, quando eu ainda tinha baixa visão. Mas eu tinha que fingir que enxergava. Se eu falasse, ninguém me aceitava. Tinha que ficar perto do professor. E assim eu seguia a vida”. 

Aos 38 anos, por conta de um quadro de glaucoma, Gisele perdeu praticamente toda a visão. Hoje, eventualmente, enxerga vultos e formas. Mas esses detalhes, segundo ela, pouco importam quando sobe ao palco.

“Quando estou com as meninas no palco, nem lembro da visão. A gente se ajuda muito, a gente conversa. A gente aprendeu mesmo a lidar com a falta da visão no palco. Hoje em dia, não faz mais muita diferença não.”

Enquanto Gisele dança, o cão-guia Faísca, labrador caramelo que acompanha a bailarina há cerca de dois meses, aguarda pacientemente. Até então, ela usava uma bengala para guiar seus movimentos. Recentemente, tomou coragem e passou a confiar boa parte de sua independência ao companheiro de quatro patas. 

Durante o 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, encerrado no sábado (30) em Curitiba, o grupo de Gisele apresentou duas coreografias. “Como o evento tem essa característica de falar sobre a reabilitação ocular e tem um olhar social para a pessoa com deficiência visual, a gente veio para celebrar e dizer que a pessoa com deficiência pode sim estar e fazer o que quiser. Não há limites”, concluiu Damaris. 

*A repórter viajou a convite do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)

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