Córrego Barbosa descarta águas poluídas a menos de 5km da captação no Rio do Peixe

BARBOSA PEIXE

Maior afluente de principal sistema de abastecimento da cidade não tem monitoramento de qualidade de água pela Cetesb

Por Rodrigo Viudes

O córrego Barbosa descarta suas águas poluídas no Rio do Peixe a menos de cinco quilômetros da estação de captação do Sistema Peixe, o mais antigo e ainda principal de Marília, responsável por 39% do abastecimento da cidade.

O córrego Barbosa desagua sua poluição (quadro amarelo) a menos de cinco quilômetros da captação de água (quadro vermelho)

O principal afluente do Peixe verte do solo por nascentes de águas limpas localizadas no bairro Fragata, mas basta atravessar a rodovia do Contorno, rumo à zona sul, para receber as primeiras cargas de poluição, no Jardim Parati.

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Ainda ali, o córrego sofre o risco iminente de ser soterrado por um paredão de terra despejado em área particular vizinha, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (14) pelo Blog do Rodrigo [Leia AQUI]

Escondido por matagal, Córrego Barbosa corre risco de soterramento em trecho ao lado do Jardim Parati, na zona sul

SEM MONITORAMENTO

O córrego passa por debaixo da Via Expressa, passa por densa área verde e alcança o vale, por onde serpenteia por dezenas de propriedades que não podem utilizar suas águas turvas e pesadas vindas da área urbana.

Neste trajeto, o Barbosa ainda passa ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) a que empresta o nome. Inaugurada em 2019, a unidade apenas descarta o líquido que seria tratado ao curso d’água poluído.

Córrego Barbosa (à esquerda) passa ao lado da ETE a que empresa o nome, mas segue com águas poluídas ao Rio do Peixe

A qualidade da água do Barbosa não tem aferição específica. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou ao Fala Marília que o único ponto de monitoramento é 6,5 quilômetros além da foz no Rio do Peixe.

RISCO À VIDA

Em 2008, estudo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Marília (Unimar) [leia AQUI] e publicado na Revista do Instituto Adolfo Lutz avaliou as características físico-químicas e biológicas das águas do Barbosa.

À época, a pesquisa revelou o “não atendimento às condições previstas em lei, havendo, inclusive risco à saúde do homem e á preservação das comunidades aquáticas em diversas ocasiões”.

Entre as conclusões, recomendou ainda que o córrego tivesse suas águas tratadas por uma ETE e ainda o desvio de efluentes para redução de custos, consultas, hospitalizações e medicações “no tratamento de pessoas afetadas pelas águas do Córrego”.

SEM TRATAMENTO

O Barbosa está entre os ‘corpos receptores’ de esgoto não tratado em Marília a exemplo dos demais córregos Cascatinha, Cincinatina, Palmital, do Pombo e dos Ribeirão dos Índios, segundo dados de 2022 do Saneamento Básico dos Municípios Paulistas.

Marília é a única cidade da região que não trata águas de seus afluentes, segundo dados de 2022 divulgados pela Cetesb

Ou seja, apesar de dispor de outras duas ETEs – a do Pombo, na zona norte e a do Palmital, próximo ao distrito de Dirceu – a cidade continua sem tratar as águas poluídas dos afluentes de seus rios.

Das águas entregues pelo Daem e utilizadas na área urbana, o Fala Marília apurou que o município estaria tratando 78% do esgoto coletado em suas três estações, cujas interligações incompletas ainda permitem diversos cursos de dejetos a céu aberto, escorrendo para os vales do entorno da cidade.

1 Comentário

    Dê uma olhada nos autos da ação 0000064-03.1990.8.26.0344. Faz 34 anos que mentem sobre o afastamento e tratamento dos esgotos sanitários de Marília. Em breve teremos racionamento de agua, como ocorre em Bauru. Em breve teremos a tarifa de esgotos a 100% sobre o consumo de água. O DAEM já parou de captar agua no sistema cascata, em breve, a represa estará seca.

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