Conheça o estádio a 4.000 metros de altitude onde o Brasil joga hoje

O Brasil enfrenta a Bolívia nesta terça, 9, pela última rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo, às 20h30 (horário de Brasília). Fora de casa, a seleção pentacampeã também tem um adversário extra campo para ficar de olho no Estádio Municipal de El Alto: a altitude.

O nome já denuncia, mas não é exagero dizer que o estádio fica em um lugar alto, afinal são 4.090m de altitude em relação ao nível do mar, a segunda maior para um estádio de futebol. A primeira posição fica com o Estádio Daniel Alcides Carrión, no Peru, a 4.378m.

E os números também entram em campo: desde novembro de 2023, a seleção boliviana não foi derrotada mandando jogo em El Alto nas Eliminatórias, marcou 11 gols e sofreu apenas dois em seis jogos. Antes jogando no Hernando Siles, em La Paz, os 3.637m de altitude não evitaram derrotas para Argentina e Equador, e os donos da casa marcaram apenas um tento e sofreram cinco nas duas partidas.

O Municipal de El Alto foi inaugurado em 2017, com a presença do então presidente Evo Morales. Com capacidade para 25 mil torcedores, o estádio tem mando de campo do clube Always Ready, mas que também joga na capital do país, La Paz.

Infelizmente, uma tragédia também marca a história recente do estádio. Em 2019, o árbitro Víctor Hugo Hurtado apitava uma partida entre Always Ready e Oriente Petrolero, pela primeira divisão do país, quando sofreu um mal súbito e caiu no gramado no início do segundo tempo. Os médicos das equipes tentaram reanimá-lo, ele foi encaminhado ao hospital local, mas não resistiu.

A Bolívia chega na última rodada com 17 pontos, sendo 14 conquistados em El Alto, na oitava posição da tabela. A Venezuela aparece com um ponto a mais na sétima colocação que garante uma vaga na repescagem para o mundial. Para beliscar a chance, o time de Óscar Villegas precisa vencer o Brasil e torcer por uma derrota da Venezuela contra a Colômbia.

O técnico da seleção brasileira Carlo Ancelotti vai pela primeira vez à Bolívia e comentou sobre o confronto em coletiva de imprensa: “Eu considero isso uma experiência muito bonita. Nunca estive na Bolívia, nunca estive em La Paz. É uma experiência importante. Tenho vontade de fazer, tenho vontade da minha equipe fazer um bom jogo amanhã. Como sempre, o objetivo é ganhar o jogo. Encantado e com vontade de chegar à Bolívia.”

“A altitude elevada afeta principalmente a disponibilidade de oxigênio no corpo do atleta. Quanto menos oxigênio disponível, menor performance aeróbica. Além disso, ocorre um aumento da frequência cardíaca e da frequente respiratória para compensar a menor oxigenação, tornando a fadiga mais precoce, diminuindo a capacidade de sprints repetidos e dificultando a recuperação entre eles”, explica Carla Tavares, especialista em medicina do esporte e Head de Medicina da Volt Sports Science, plataforma de saúde e performance para atletas do futebol de elite. “Outro impacto negativo da altitude elevada é na função cognitiva e percepção de esforço com possível impacto na atenção e tempo de reação, principalmente em altitudes maiores que 3.000 metros. Por fim, existe a chance de mal agudo da altitude, em que o jogador pode apresentar cefaleia, náuseas, insônia e até sintomas neurológicos e pulmonares mais graves.”

Em 2024, ainda pelo Palmeiras, Estêvão chegou a vomitar em campo no estádio Hernando Siles em La Paz por conta da altitude. O atacante que havia marcado um gol contra o Bolívar, foi substituído quando se sentiu mal no 3.600m na capital boliviana. Em entrevista ao ge, o jogador, agora do Chelsea, relembrou a situação em vista da altitude ainda maior que irá enfrentar: “A bola fica mais rápida e, às vezes, você dá um pique e demora para recuperar, para buscar o fôlego. Mas, como eu falei, já tive essa experiência e com certeza eu estou mais preparado agora.”

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