Por Adilson Adorni Jr.
Especialista em Recursos Humanos e Desenvolvimento OrganizacionalEm muitas empresas, comunicar ainda é visto como sinônimo de “avisar”.
E-mails, quadros de recado, reuniões de última hora ou comunicados genéricos tentam cumprir um papel que é, na verdade, bem mais complexo: conectar pessoas à estratégia do negócio.
Sem uma comunicação clara, a operação se perde. Equipes desorientadas, prioridades mal compreendidas e decisões desalinhadas resultam em retrabalho, desengajamento e perda de produtividade.
Segundo estudo da McKinsey (2023), equipes que recebem orientações claras e contínuas têm até 25% mais eficiência operacional. O dado reforça algo que na prática já percebemos: falhas de desempenho nem sempre vêm da falta de competência — muitas vezes, vêm da falta de clareza.
Informação não é entendimento
Dizer que algo foi “comunicado” não é o mesmo que garantir que foi compreendido. Comunicação estratégica vai além da transmissão de dados: ela transforma informação em ação — e isso só acontece quando há entendimento.
No dia a dia corporativo, é comum ouvir frases como: “Ninguém me avisou disso.” “Achei que não era prioridade.” “Não entendi que era urgente.”
Essas falas são sintomas de uma comunicação fragmentada, reativa ou excessivamente técnica. O problema não está apenas em “falar mais”, mas em comunicar melhor.
O papel da liderança aqui é essencial: traduzir a estratégia em linguagem acessível, contextualizar decisões e garantir que a equipe entenda o que se espera dela — e por quê.
Os custos de uma comunicação malfeitaQuando a comunicação falha, os prejuízos são silenciosos, mas constantes.
Além do retrabalho e do desalinhamento entre áreas, surgem os efeitos emocionais: insegurança, desconexão com os objetivos da empresa e sensação de abandono.
Organizações que não priorizam a comunicação acabam criando um ambiente onde a dúvida paralisa a ação. E onde falta direção, sobra ruído.
Uma pesquisa da Gallup (2022) aponta que colaboradores que entendem claramente o que se espera deles são 23% mais produtivos do que aqueles que têm dúvidas frequentes sobre suas responsabilidades.
Comunicação estratégica na práticaTornar a comunicação mais estratégica não exige grandes investimentos, mas sim intencionalidade.
Algumas práticas fazem diferença imediata:
• Adapte a linguagem ao público interno: o que funciona para o administrativo pode não funcionar para a produção.
• Reforce os pontos principais com frequência: mensagens únicas são facilmente esquecidas.
• Crie canais de escuta ativa: permita perguntas, valide o entendimento, corrija rotas com agilidade.
• Use exemplos reais: mostre como decisões do dia a dia estão ligadas aos resultados.
• Estimule a cultura do feedback: comunicar não é só emitir, é também saber ouvir.
A comunicação estratégica se constrói no detalhe — e se fortalece na constância.Muito além de informar: construir entendimento
Empresas que investem em comunicação estratégica colhem mais do que engajamento: colhem maturidade organizacional.
Quando as pessoas compreendem o propósito das ações e o impacto de suas tarefas, tornam-se mais proativas, responsáveis e alinhadas aos objetivos da empresa.
Mais do que “falar bem”, o desafio é construir entendimento. Esse é o elo que conecta gestão, pessoas e resultados — e que define, na prática, a diferença entre empresas que apenas funcionam e aquelas que realmente performam.













