E a gente fica se perguntando se o amor acabou…

por Marcos Piangers

Acontece que a gente se desentende uma, duas, três vezes e daí é aquilo de “sai pra lá e depois a gente conversa”. Vai crescendo dentro da gente aquele orgulho bobo. O orgulhoso prefere se perder do que perguntar o caminho. O casal não conversa e fica uns dias esquisito. Se deixar muito tempo assim, parece que acabou o amor. A gente começa a perguntar pra gente mesmo. Será que tem jeito esse negócio? Até que você fala uma coisa engraçada, a gente se esbarra na cozinha, seu pé encosta no meu na cama antes de dormir e, na verdade, não acabou coisa nenhuma, volta tudo de novo e parece que a gente está namorando novamente.

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Por uns dias vai ser “meu amor” isso e “meu amor” aquilo e as crianças vão até estranhar. Vai ter eu segurando a porta pra você, jogando lá fora o saco de lixo, ligando no meio da tarde pra contar uma bobagem. Vai ter filme e vinho hoje à noite, vamos naquele sushi que você gosta, talvez a sogra fique com as crianças.

Eu começo a caminhar pela cidade bobo, passeio assoviando pela rua, e a tv passa que homens que passeiam pela rua assoviando são idiotas e os amigos comentam que gente que se apaixona só se dá mal. Vai me dando até uma vergonha, será que eu não tô fazendo papel de otário. Daí entorta uma resposta no café da manhã e não estamos no melhor dos dias, as crianças estão gritando e estamos com fome e nos desentendemos uma, duas, três vezes e meu deus do céu, como é que pode uma pessoa ser assim?????? E você não me entende e você não faz ideia do que eu passo e você fez aquilo aquele dia e ah, me poupe. Cada um pro seu lado novamente.

O orgulhoso prefere se perder do que perguntar o caminho.

Por isso, o orgulhoso está sempre perdido.

E a gente fica se perguntando se o amor acabou. Deve ter acabado depois dessa. E eu fico esperando alguma oportunidade de falar algo engraçado e se você der risada vai me dar uma esperança. E tomara que a gente se esbarre na cozinha, tomara que os pés se encontrem de noite na cama. E tomara que não tenha acabado. Digo, talvez a gente envelheça mesmo juntos. Fique murcho e de cabelo branco junto. Com nossos pés ossudos se encostando de vez em quando, com nossas dentaduras do lado da cama. Rindo juntos do tempo que não volta mais. E do tempo que perdemos com orgulho bobo.

A vida é incrível.

Desejo a você muito mais do que sorte.

Marcos Piangers

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