Comissão de cana-de-açúcar avalia tendências de produção e preços para a safra 25/26

Palestra de especialista aponta para uma queda de produtividade e do ATR da cana, com um cenário ligeiramente positivo de preços para o etanol

O principal destino da cana-de-açúcar nesta safra será a produção de açúcar, em detrimento ao etanol, mesmo com o aumento obrigatório de adição do etanol anidro à gasolina, passando de 27% para 30%. Essa foi a tônica da palestra do economista Raphael Delloiagono, analista de inteligência de mercado do Pecege, durante sua apresentação sobre o panorama da safra 25/26 e o comportamento de preços do açúcar, etanol e matéria-prima na região Centro Sul, na reunião da Comissão Técnica de Cana-de-Açúcar e Energia Renovável da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).

“O açúcar, desde a pandemia, está muito mais vantajoso de se produzir do que o etanol. As usinas têm o movimento de maximizar a sua produção açucareira – o seu potencial de receita –, para depois, com o que sobrar de matéria-prima, produzir o etanol”, pontou. Ninguém vai deixar de produzir mais açúcar para produzir mais etanol anidro para atender a demanda compulsória do E30.

O aumento da demanda pelo etanol anidro para atender a adição obrigatória está estimada em quase 1 bilhão de litros e esse volume virá do direcionamento da produção que seria destinada para o etanol hidratado. Com menos hidratado disponível no mercado, o preço tende a aumentar. De acordo com o analista, as usinas podem se beneficiar um pouco desse fato, mas ainda nada tão relevante, em torno de R$ 0,03 a R$ 0,04 centavos no preço do etanol hidratado e que poder chegar no ATR final em cerca de R$ 0,01 de valorização da matéria-prima do setor.

Em relação aos insumos, a expectativa é que os preços dos fertilizantes aumentem consideravelmente nesta safra, em média, de 27%. Para os defensivos a projeção é de estabilidade de preços. Cenário este que reforça a importância de uma gestão eficiente dos custos de produção por parte dos produtores para amenizar a menor produtividade.

“Essa é uma avaliação dos preços no mercado Centro-Sul. Vale lembrar que a safra de cana-de-açúcar desse ano será menor que a anterior e com um cenário de preços se recuperando para o etanol e caindo um pouco para o açúcar. Teremos uma segunda safra consecutiva com redução da produção de etanol de cana e avanço do consumo, o que poderá se refletir em um maior preço relativo para o etanol”, finalizou Dolloiagono.

Apesar dessa perspectiva mais otimista, com recuperação das margens para o etanol, Nelson Perez, coordenador da Comissão se mantém mais cético em relação ao desempenho do setor sucroalcooleiro para esse ano. “Do lado dos produtores, a diminuição da produtividade e de antecipação das reformas de áreas, em razão da seca e dos incêndios que atingiram os canaviais em 2024, pressionam os custos da atividade. São inúmeros casos de arrendamento de propriedades que nos têm sido reportados como alternativa dos produtores rurais de não perder renda, uma vez que, além dos incêndios do último ano, a questão climática, com geada e falta de chuvas, tem contribuído para essa percepção”.

CONSECANA-SP

O processo de revisão dos parâmetros técnicos e econômicos do Consecana-SP também foi pautado. A Comissão externou sua preocupação com o impasse entre os representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) e Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA), que tem travado o progresso da discussão em andamento.

“Essa discordância tem gerado muita insegurança na cadeia produtiva e incertezas quanto à definição dos preços da cana-de-açúcar, afetando diretamente os fornecedores, a credibilidade e a eficiência do modelo Consecana-SP. É fundamental que as entidades retomem o diálogo e busquem um consenso o mais rapidamente possível sobre a revisão do Consecana-SP, o qual a FAESP se coloca à disposição para colaborar na dissolução das divergências”, comentou o Coordenador da Comissão.

O presidente da Faesp, Tirso Meirelles, se comprometeu a entrar nessa defesa dos produtores. “reforçarei com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o pedido para que possamos finalizar o projeto de um novo índice de atualização do valor do Consecana. Não cabe ficar 12 anos sem atualização, principalmente porque isso consta no estatuto.”

PREVENÇÃO À INCÊNDIOS

A Faesp enviará novo ofício ao subsecretário de estado de Meio Ambiente, Jônatas Souza das Trindade, sobre a regulamentação que trata da prevenção de incêndios em São Paulo.

O gerente do Departamento de Sustentabilidade, José Luiz Fontes, esclareceu que a minuta inicial penalizava os produtores e não definia a integração entre Secretarias no processo. “Entendemos a importância da Secretaria do Meio Ambiente, mas, em termos de prevenção, seria essencial a participação das Secretarias da Agricultura e Abastecimento, de Segurança Pública e da Defesa Civil, uma vez que há implicações em todas essas áreas. Vamos reiterar nossa preocupação com a proximidade do período de seca e os riscos para os produtores rurais”, pontuou.

Participaram da reunião os gerentes do Departamento Técnico e Econômico, Cláudio Brisolara, e do Jurídico, Thiago Soares. Da parte da Comissão Técnica estavam presencialmente Nelson Perez, Milton Luiz Sarto, Cyro Penna, Roberto Carmanham de Figueiredo, José Osvaldo Junqueira Franco e Bruno Garcia, além da técnica Erica Barros. Gustavo Chavaglia acompanhou a reunião online

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