Estação, que começa hoje e se mantém até 21 de setembro, será marcada por ondas de calor e de frio
O inverno inicia na quinta-feira, 20 de junho, e deve ter o começo marcado por tempo seco, com poucas chuvas, no Paraná. A estimativa é de Gilson Campos Ferreira da Cruz, Doutor em Geografia que trabalha com climatologia.
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Quanto às temperaturas, o climatologista explica que o país está sob um bloqueio atmosférico, que impede a entrada de massas de ar frio e a formação de frentes frias. Por isso, não são esperadas grandes quedas de temperatura no Paraná neste início de estação.
“Se nós tivermos esse ‘efeito tampão’ desse bloqueio atmosférico avançando para o inverno, a tendência é de que demore mais para entrar as massas de ar frias, frentes frias. Então, nesse começo de inverno as coisas não vão mudar muito”, explica.
Frio tardio
Em 2024, o inverno começa às 17h51 do dia 20 de junho e termina em 22 de setembro.
Como a expectativa é de que a La Niña chegue ao Paraná apenas entre agosto e setembro, o estado pode experienciar um frio tardio, explica o climatologista.
“Pode ser que nós tenhamos lá em agosto e setembro, já no final do inverno, o que se chama de frio tardio: com as massas de ar frio conseguindo chegar no Paraná, podemos ter ondas de frio nesses dois meses. Isso não é comum, mas acontece, a gente já vivenciou no passado” , aponta Gilson.
Sai El Niño e chega La Ninã
O período é de incertezas tanto devido ao bloqueio atmosférico, quanto ao vácuo entre a recente saída do El Niño e a chegada do fenômeno La Niña.
Enquanto o El Niño provoca elevação das temperaturas e reforça fenômenos de chuvas no Sul – como as vistas no Rio Grande do Sul -, a La Niña tem efeito inverso, provocando tempo mais seco e dando condições mais favoráveis para a entrada de massas de ar frio e maiores variações térmicas. Saiba mais abaixo.
“Vivendo esse período neutro, o inverno vai se manter muito próximo do que são os nossos invernos ‘normais’, com a precipitação um pouco abaixo do normal. Nós teremos temperaturas baixas, com as entradas de massa de ar frio, mas nos períodos em que estivermos com períodos longos sem chuvas a tendência é a temperatura ficar mais elevada, principalmente no sentido norte e noroeste do Estado”, detalha Gilson da Cruz.
O especialista lembra que cada região do estado possui as suas próprias características – o que deve diferenciá-las, também, neste inverno. No norte e noroeste as temperaturas devem se manter mais altas, e no centro-sul, mais baixas.
O que é El Niño
O climatologista explica que o El Niño é um fenômeno que provoca o aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico. O contato entre o oceano, a superfície dos continentes e a atmosfera gera uma troca de energia, fazendo com o aquecimento do oceano se propague por todo o mundo.
O último El Niño iniciou em junho de 2023 e começou a enfraquecer em abril de 2024. Ele foi classificado como de intensidade moderada a forte e provocou:
- elevação das temperaturas em todo o país;
- aumento da frequência de ondas de calor;
- seca no Norte e no Nordeste;
- reforço de fenômenos de chuva, como os do Rio Grande do Sul.
O que é La Niña
A La Ninã tem os efeitos opostos do El Niño, conforme explica Gilson. Ela diminui a temperatura do Oceano Pacífico, resfriando também a atmosfera.
A última perdurou de julho de 2020 a fevereiro de 2023, e a próxima deve acontecer no segundo semestre de 2024.
Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:
- aumento de chuvas no Norte e no Nordeste;
- tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares;
- tendência de tempo mais seco no Sul;
- condição mais favorável para a entrada de massas de ar frio no Brasil, gerando maior variação térmica.
- Período de transição
- Neste período de transição entre os dois fenômenos, a tendência é de que as mudanças em relação a temperaturas e quantidade de chuvas sejam graduais.
“Quando a gente tem o El Niño, e aí na sequência existe a possibilidade de termos uma La Niña, o El Niño vai se encerrando lentamente e vai ocorrendo essa mudança de temperatura também de uma forma relativamente lenta. Depende da semana”, finaliza o climatologista Gilson Campos Ferreira da Cruz.
Matéria G1