Bailarinas empreendedoras: mulheres fundam conservatório com proposta multidisciplinar no Rio

Unidas pelo amor à dança, três mulheres no Rio de Janeiro decidiram fundar um conservatório diferenciado: no lugar de aulas corriqueiras e comuns, Nicole Abramoff, Talina Valpassos e Beth Tinoco deram contornos únicos à formação de seus alunos, com aulas dos mais diversos estilos, lecionadas por mestres renomados, que equilibram teoria e prática e proporcionam um desenvolvimento cultural e artístico completo. Assim surge o Conservatório Dança e Arte (CDA), escola localizada no coração da Zona Sul, em Ipanema.

A experiência e os saberes únicos das três agora agregam no processo de formação de novos dançarinos. Nicole é ex-bailarina, formada pelo Theatro Municipal, com passagem pelo School of American Ballet, em Nova Iorque. Dançou o primeiro papel em sua formatura, ingressando automaticamente no Corpo de Baile. Também atua como estilista e empresária. Talina Valpassos é formada em dança, estudou na escola do Theatro Municipal e também é arquiteta, com histórico profissional nos Estados Unidos. É responsável pelo projeto arquitetônico do Conservatório. Ela também lidera, há 30 anos, o projeto social Ballet Brasil, que promove o acesso à dança em comunidades, como a da Maré. Beth Tinoco Bejani é pedagoga, pós-graduada em ensino de dança clássica pelo Theatro Municipal, coreógrafa com ampla experiência na formação de bailarinos e em iniciativas culturais, além de atuar como gestora comercial.

Apesar do apreço pela arte, durante algum tempo, todas mantiveram carreiras em paralelo. Foi a saudade que falou mais alto e resultou no conservatório.

“A dança fazia muita falta na minha vida. Foi então que eu tive a ideia de montar uma escola com a minha melhor amiga, Talina, que eu também conheci na escola do Theatro Municipal. Como estávamos há muitos anos afastadas deste cenário, resolvemos chamar a Beth Tinoco, que é a nossa terceira sócia. Ela também era nossa amiga nesse universo das artes”, destaca Nicole Abramoff, diretora artística do CDA.

A escola foi inaugurada no dia 4 de agosto, com uma programação especial de boas-vindas aos alunos. Instalado em um prédio de quatro andares na Rua Prudente de Morais, entre as ruas Garcia D’Ávila e Aníbal de Mendonça, o espaço conta com quatro salas de dança equipadas com piso flutuante especial para bailarinos, tratamento acústico, estrutura de iluminação e arquibancada para a plateia. As aulas de ballet clássico têm acompanhamento de piano, e as diferentes modalidades contam com projeções associadas a movimentos artísticos.

O Conservatório não tem restrição de idade e oferece desde baby classes até cursos para alunos longevos. Do outro lado, professores com vasto repertório e que colecionam experiências lecionam as aulas, como é o caso da mestra Rosália Verlangieri, de 81 anos, especialista no método russo Vaganova, que dá aulas de balé há pelo menos cinco décadas.

“Estudei com a Eugenia Feodorova, uma bailarina russa, e descobri, durante as aulas dela, que isso era o que eu gostaria de fazer da vida. Quando a Nicole me falou sobre a ideia do Conservatório dei a maior força a ela, sabia que o balé estava na vida dela desde sempre. Adoro fazer parte do Conservatório e poder dar aulas”, afirma Rosália.

Além dela, o corpo docente reúne nomes de destaque nacional e internacional, com ampla experiência em companhias e escolas de referência, como Hélio Bejani, diretor de Balé do Theatro Municipal e da Escola Maria Olenewa. No âmbito internacional, a grade contempla aulas com a russa Anna Koblova, ex-bailarina por 12 anos do Ballet Bolshoi e professora premiada do Bolshoi Academy Brasil.

O quadro de professores também contempla os primeiros bailarinos Paulo Rodrigues, Juliana Valadão, Norma Pina, a solista Tabata Salles, e ensaiadores e professores do Theatro Municipal, que agregam com excelência as aulas e ensaios. A escola pretende promover ainda parcerias para intercâmbios culturais com instituições, como Disney, NBA e escolas de dança europeias.

“Estou gostando muito das aulas. O clima é muito bom! Me lembra as escolas de dança da Europa e a proposta das grandes companhias internacionais: formação que também se preocupa com educação artística, disciplina e organização. Além disso, há várias modalidades para adultos, lecionadas por profissionais qualificados. Isso proporciona mobilidade para que cheguemos à longevidade com o corpo físico ativo, além de promover um ambiente de sociabilidade“, ressalta Adriana Rocha, de 59 anos, aluna do CDA.

Ela também destaca que a grade horária é muito bem estruturada. São oferecidas aulas, inclusive, no horário do almoço, o que permite que pessoas com jornada de trabalho fixa possam aproveitar parte do intervalo para praticar uma atividade e retornar ao trabalho com mais disposição e relaxadas.

Programação acadêmica:

O currículo do Conservatório é dividido em três eixos: Conservatório Clássico, Conservatório Contemporâneo e Modalidades Avulsas, o que abrange desde o balé clássico com aulas de repertório e “pas de deux”, passando pela preparação física para dançarinos, danças folclóricas, dança contemporânea, teatro musical, jazz, tap, street dance, yoga, pilates, flamenco, tango, samba, até a psicomotricidade para bebês.

Entre os destaques estão a Ginástica Rítmica Infantil/Juvenil, sob direção de Bruna Martins, treinadora e coreógrafa da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica, e o Teatro Musical Infantil/Juvenil, com direção de Mariana Ramires, atriz, bailarina e cantora que integrou o elenco do espetáculo Legalmente Loira: O Musical. Ambas as modalidades ampliam a proposta multidisciplinar da escola, por meio de formação artística completa desde a infância.

Para adultos, a novidade é o Passaporte CDA, que permite o acesso a diferentes modalidades todos os dias da semana, com foco em saúde física, bem-estar e qualidade de vida. A escola firmou ainda parcerias estratégicas que integram o cuidado técnico com o bem-estar físico, emocional e nutricional dos alunos.

Para estimular a apreciação aos mais diversos tipos de arte, a fachada do Conservatório traz uma obra assinada por Marina Ryffer, uma bailarina iluminada. Nas paredes, obras de artistas convidadas: a Safe Art, com uma instalação de Toy Arts ao som do balé de Villa-Lobos, e o quadro de Ela Menescal, que faz uma releitura da obra das bailarinas de Degas.

As matrículas estão abertas. Para mais informações, acesse: https://www.conservatoriodancaearte.com.br

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