Em 2017, a vinícola Garzón, do Uruguai, fez história ao vender a safra 2015 de seu rótulo mais importante, Balasto, na Place de Bordeaux. O sistema indireto de vendas surgiu para atender algumas das grandes vinícolas da região francesa, mas hoje conta com vinhos de alta gama de diversos países e tornou-se referência em rótulos de alta gama. O Balasto foi o primeiro vinho uruguaio oferecido nesse sistema, e apenas o terceiro sul-americano, depois dos chilenos Almaviva e Seña. Agora, a nova safra chega ao mercado brasileiro após uma recepção calorosa na França – antes mesmo do tradicional lançamento em Bordeaux.
Desta vez, a nova safra foi apresentada para profissionais em fevereiro, durante a Wine Paris, um dos principais eventos do calendário do vinho. A avant-premiere contou com uma vertical de cinco safras, incluindo a inicial, de 2015. Segundo o CEO da vinícola, Christian Wylie, os negociantes franceses ficaram impressionados com o resultado.
Tradicionalmente, o Balasto é elaborado a partir de quatro castas: Tannat, Cabernet Franc, Petit Verdot e Marselan. Na safra anterior, 2020, a Marselan já havia ficado de fora. Segundo Wylie, a decisão foi baseada na potência da uva, que poderia desestruturar o blend. Dessa vez, não apenas a Marselan continua de fora, como pela primeira vez a Petit Verdot é a segunda principal casta utilizada, atrás da Tannat. O blend conta com 45% de Tannat, uva que se tornou ícone do Uruguai, 35% de Petit Verdot e 20% de Cabernet Franc. O resultado é um vinho que embora jovem já se mostra muito agradável, com boa fruta, muita estrutura e taninos finos e elegantes.
Este rótulo é resultado de uma safra atípica. “Foi um ano muito seco. Mas tivemos bastante chuva em fevereiro, o que deu aos vinhos certa rugosidade, além de uma acidez natural e uma qualidade etérea”, diz Wylie. Além disso, o enólogo italiano Alberto Antonini, responsável pela elaboração do vinho, também manteve a decisão de tirar a Marselan do blend. “Eu acho ótimo, porque assim essa uva é usada em outro rótulo, Petit Clos Marselan, que é incrível”, diz o CEO. A safra 2022 também marca um retorno do rótulo após 2021, que não teve uma produção à altura e portanto não deu origem ao Balasto.
Para além do ícone que ajudou a colocar o Uruguai no mapa dos grandes vinhos, a Garzón tem outros rótulos importantes. É o caso do Alvarinho, tradicional uva utilizada na produção dos vinhos verdes de Portugal, que encontrou no solo uruguaio boas condições para prosperar. Hoje, a Garzón é principal produtora de Alvarinho das Américas e o Single Vineyard Albariño é o mais vendido da vinícola em mercados como Inglaterra, Estados Unidos e Japão. “No Brasil, as vendas dele crescem mais rápido que Merlot ou Tannat”, afirma Wylie. Todos são trazidos ao país pela importadora World Wine.