Fórum na sede da Faesp reuniu lideranças do setor agropecuário, pesquisadores, autoridades e produtores para debater as contribuições para a Conferência
O setor agropecuário é sustentável e as ações transversais desenvolvidas pelo estado de São Paulo, em parceria com entidades e produtores fazem do campo paulista referência nacional. Essa foi a conclusão do Fórum de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), que reuniu lideranças do agro, autoridades, pesquisadores e produtores rurais na discussão da pauta que será levada para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
Para o presidente da Faesp, Tirso Meirelles, que está em Taiwan, na Ásia, conhecendo novas tecnologias que poderão ajudar na evolução do setor agropecuário, é preciso fazer e divulgar as ações que estão sendo implementadas no estado. Em recente palestra, no Rio de Janeiro, ele lamentou que haja ainda uma visão equivocada sobre as contribuições do meio rural para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
“Temos exemplos de práticas sustentáveis em todo o país e em São Paulo, que têm se tornado referência em termos de sustentabilidade. Por exemplo, cresce o plantio direto e a integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF). Este Fórum de Sustentabilidade é importante para dar visibilidade a esse trabalho e reforçar a preocupação de quem vive da terra em garantir a qualidade da produção”, frisou Meirelles.
Durante a abertura do evento, a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Natália Resende, e o subsecretário de Agricultura e Abastecimento, Diógenes Kassaoka, ressaltaram as ações transversais em parceria com o setor produtivo. Ambos reiteraram a consciência dos produtores na preservação do meio ambiente, elemento importante para a competitividade no mercado.
“Para quem não conhece o agro, a palavra sustentabilidade parece um desafio, mas faz parte do dia a dia do homem e da mulher do campo. O sucesso do setor agropecuário paulista reflete um trabalho que já começou há alguns anos, com ações e normas, e está se consolidando”, explicou Kassaoka.
Natália Resende, por sua vez, reforçou a importância “de fóruns como esse, que reafirmam a união de forças entre todos os setores, de todas as cadeias produtivas. E nesse aspecto, o trabalho desempenhado pela Faesp tem sido exemplar na construção de um agro mais forte e pujante.”
José Renato Nalini, secretário de Mudanças Climáticas do município de São Paulo, presente na abertura, destacou que o Fórum de Sustentabilidade da FAESP integra a Plataforma São Paulo na COP 30, que reúne todos os eventos e iniciativas ocorridas na cidade de São Paulo sobre os temas a serem debatidos na COP 30. Em sua fala o secretário municipal alertou que há uma agricultura muito importante na capital paulista. Na Zona Sul, com alguns produtores competindo com Holambra, há plantas ornamentais, hortas comunitárias e estão sendo plantadas 120 mil árvores num esforço do município de ajudar na diminuição dos gases do efeito estufa.
Com painéis sobre os sistemas sustentáveis de produção; conservação de vegetação nativa em áreas produtivas; e políticas de incentivo, financiamento e capacitação, os participantes pontuaram as ações que estão sendo desenvolvidas nas três esferas de governo.
Rodrigo Beccheri Cortez, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Afonso Peche do Instituto Agronômico de Campinas lembraram que a posição do Brasil como um dos líderes na produção de alimentos faz com que exista uma cobrança grande de entidades ambientais, que desconhecem a realidade do campo brasileiro
“Algumas questões de cálculo, de emissão de CO2, por exemplo, nem sempre refletem a realidade. As pastagens bem manejadas tornam-se berço de armazenamento de carbono, que muitas vezes compensam as emissões geradas pelos animais, alimentando os bovinos. Só que isso muitas vezes não é levado em conta, então nós precisamos aprimorar essas metodologias e convencer com dados científicos”, ressaltou Cortez, em total sintonia com o gerente de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias, que reiterou a necessidade de uma contabilidade mais precisa da contribuição do setor agropecuário na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Os representantes da Semil, Alana de Souza e André Previato aboradaram respectivamente o Programa Refloresta -SP que tem como meta a restauração de 1,5 M de ha em todo estado- e os mecanismos para o seu financiamento por meio do FINACLIMA.
O Coordenador de Regularização Ambiental da secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento, Lus Gustavo de Souza Ferreira, explanou sobre a evolução do Programa de Regularização Ambiental dos Imóveis rurais – PRA, em especial sobre, o avanço na validação do Cadastro Ambiental Rural – CAR e dos termos de compromisso para regularização dos passivos de áreas de preservação permanente – APP e Reserva Legal. Em linha com as informações sobre a regularização ambiental dos imóveis a representante da Embrapa Territorial, Lucíola Magalhães, apresentou os primeiros resultados de uma pesquisa sobre a Valoração das áreas protegidas em propriedades rurais, com recorte para o estado de São Paulo.
Encerrando o evento foram apresentadas as iniciativas do Banco do Brasil, Sebrae/SP e Senar/SP com vistas a capacitar produtores e apoiar a sustentabilidade de nossas produções. O diretor Marcio Vassoler agradeceu ao coordenador do Departamento de Sustentabilidade, José Luiz Fontes; a bióloga Cris Murgel; e os membros da Comissão Técnica de Meio Ambiente pela organização deste Fórum e reunir autoridades e gestores das principais ações em andamento, que promovem a sustentabilidade da agricultura paulista. Ele ressaltou que essa interação é essencial para a construção de um futuro melhor para o campo e as áreas urbanas, garantindo a segurança alimentar e a manutenção do homem no campo.
“O produtor rural é o que mais tem sustentabilidade, o que mais preserva, e acaba sendo o mais penalizado. Não podemos admitir que aqueles que possuem propriedades às margens de rodovias e acabam sendo vítimas de incêndios, muitas vezes criminosos, sejam responsabilizados”, concluiu Vassoler, sobre produtores que, no ano passado, após perderem lavouras, animais e bens materiais, acabaram sendo autuados pela polícia.
Assista abaixo à filmagem integral do evento: