Olá, queridas leitoras,
Hoje gostaria de falar com vocês sobre um tema delicado e urgente: a violência contra a mulher. Neste mês é realizada a campanha nacional de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, criada em referência à Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006, conhecida como Agosto Lilás.
Durante este mês, diversas ações são promovidas para informar, prevenir e combater todas as formas de violência — física, psicológica, patrimonial, moral e sexual — que afetam mulheres em diferentes contextos sociais.
No entanto, quando se trata das mulheres do campo, essa luta ganha contornos ainda mais complexos e urgentes.
As trabalhadoras rurais desempenham papéis fundamentais na agricultura familiar, na produção de alimentos e na preservação de saberes tradicionais. Apesar disso, muitas vivem em áreas isoladas, com acesso limitado a serviços públicos, redes de apoio e canais de denúncia. Isso pode tornar a violência doméstica e outras formas de abuso ainda mais invisíveis e persistentes.
Dentre os principais desafios estão: a dificuldade de acesso à informação e serviços de proteção; a dependência econômica de parceiros ou familiares; cultura patriarcal enraizada em comunidades rurais; e o medo de represálias ou estigmatização ao denunciar.
As ações neste mês buscam romper o silêncio e levar informação aos lugares mais distantes. Para as mulheres do campo, isso se traduz em: ações itinerantes com atendimento jurídico, psicológico e social; capacitação de lideranças comunitárias para identificar e acolher vítimas; parcerias com sindicatos rurais e associações agrícolas; campanhas educativas em rádios locais e feiras agroecológicas.
Ao conectar o Agosto Lilás às mulheres do campo, reconhecemos que o combate à violência também passa pelo fortalecimento da presença feminina no meio rural. Incentivar a autonomia econômica, a participação política e o acesso à educação são formas de fortalecer essas mulheres e garantir que suas vozes sejam ouvidas. Iniciativas essas que a Comissão Semeadoras do Agro da Faesp tem levado nestes três anos de atuação junto aos sindicatos rurais.
A cor lilás, símbolo da campanha, representa a força, a dignidade e a transformação. No campo, ela floresce entre lavouras e comunidades que resistem com coragem, resignação e esperança.
Com carinho, Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)