Nem safári na África do Sul nem as feiras tradicionais do Marrocos. O destino que cresce e aparece no roteiro dos turistas que buscam a África agora é a Tunísia. Situado no norte do continente, banhado pelo Mediterrâneo e próximo da costa europeia, o país de berço árabe que já foi o centro do império cartaginês encanta viajantes que procuram tanto uma imersão em seu passado histórico e na cultura local como experiências em meio a uma natureza magnífica, que oferece de praia a deserto. O número de visitantes vem se ampliando ano a ano: entre 1º de janeiro e 20 de julho de 2025, a nação recebeu mais de 5,2 milhões de estrangeiros, um aumento de 10% em relação a 2024. Atrativos não faltam ali, a começar pelos contrastes geográficos que hoje seduzem forasteiros e agências de turismo mundo afora.
Ao norte, a Tunísia abriga as cadeias montanhosas dos Montes Atlas. No centro, estendem-se as planícies quentes e a região costeira do Sahel, marcada pelo cultivo de oliveiras e a produção de azeite. Ao sul, vê-se a vastidão do Saara. O clima acompanha tamanha diversidade: verões quentes e ensolarados às margens do Mediterrâneo; e a amplitude térmica do deserto quando se avança rumo à porção meridional, onde a aridez é quebrada pela presença de lagos salgados. Com mais de 3 000 horas de sol por ano, a nação oferece um convite permanente aos turistas, que ainda podem desbravar ruínas milenares, dunas sem fim e cafés à beira-mar. “A Tunísia é aquele destino que quase ninguém coloca na lista logo de cara, mas, quando descobre, parece que viu abrir um portal escondido no Mediterrâneo”, diz Ilan Wallach, da GSP Atlanta Travel.
Para além das belezas naturais, a história é um dos grandes tesouros do país. Foi ali que floresceu a lendária Cartago, rival de Roma na Antiguidade. Seus vestígios são considerados patrimônio mundial da Unesco desde 1979. Um dos passeios mais prestigiados é justamente caminhar entre colunas, templos e mosaicos que remontam a 2 000 anos atrás. A herança romana dá as caras no anfiteatro de El Jem, construído no século III e tão bem preservado que impressiona. É como se gladiadores fossem entrar a qualquer momento no chamado “Coliseu do deserto”. No tour histórico, o visitante se embrenha pelos marcos da civilização islâmica, podendo conhecer as mesquitas da capital, Túnis, e das regiões de Sousse e Kairouan, fusão das culturas árabe e europeia. “É história viva a céu aberto”, afirma Wallach.
Para quem prefere cenários paradisíacos, ao longo de sua costa a Tunísia oferece praias fascinantes e não tão badaladas. A mais famosa é Hammamet, que conjuga areia dourada, mar tranquilo e uma atmosfera perfumada por flores de jasmim. Não por acaso, o balneário atrai cada vez mais europeus. Sousse, por sua vez, oferece praias largas, hotéis animados e uma vida noturna vibrante. Já a Ilha de Djerba transborda exotismo: mar azul-turquesa, resorts sofisticados e vilarejos que preservam as tradições berberes. Se o litoral representa descanso e sofisticação, o Saara clama pelos aventureiros. Dá para passear com dromedários ou sacudir-se no banco dos jipes. A paisagem vale a pena: é pelas dunas que se conhece o Chott el Djerid, um lago salgado que parece um espelho natural, refletindo miragens e onde, reza a lenda, teria nascido a deusa grega Atena, e se depara com o oásis e o cânion de Sidi Bouhlel, cenário da saga Star Wars.
Entre mar e deserto, construções modernas e antigas, a Tunísia é, resuma-se, destino em alta, com uma receita turística anual que já decola 8% acima do montante registrado no ano passado. A recomendação dos experts é priorizar a temporada de maio a setembro, de calor mais brando e oportuna para desbravar tanto a costa quanto o deserto. Quem vivencia esse encontro entre o dourado e o azul, em que natureza e história comungam, celebra com empolgação, apesar da discrepância social que ainda mancha o país e da erosão em parte do litoral, provocada pelo crescimento desordenado.
Publicado em VEJA de 5 de setembro de 2025, edição nº 2960