Recuperar a trajetória de um grupo artístico que questionou a euforia da Zona Franca de Manaus durante a ditadura militar e buscou valorizar a cultura regional, deixando um importante legado para o teatro brasileiro. Esse é o objetivo do documentário “A Amazônia como palco”, que estreia nesta quarta-feira, 27 de agosto, no palco do Teatro Amazonas, no centro de Manaus, com entrada gratuita e sujeita à disponibilidade de assentos. O filme também entra para o catálogo da plataforma SOMMOS AMAZÔNIA, no dia 28/8, com acesso gratuito até o dia 12 de setembro.
O longa conta a trajetória do Teatro Experimental do Sesc (TESC), especialmente da sua fase inicial, entre 1968 e 1982, quando atuou como agente de resistência cultural em meio aos tempos repressivos da ditadura. Reunindo diversos artistas e intelectuais, o grupo ousou realizar uma crítica ao projeto intervencionista na Amazônia e às elites locais, além de ser pioneiro em valorizar a cultura indígena da região, o que deixou um legado não apenas na cena amazonense, mas para todo o Brasil.
A partir da década de 70, o escritor Márcio Souza e o poeta Aldisio Filgueiras assumiram a liderança do TESC, estimulando o desenvolvimento de peças críticas à realidade da época, que culminaram em obras como “A Paixão de Ajuricaba”, “Dessana, Dessana”, “Tem Piranha no Pirarucu” e “A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi” – produções que se consagraram na dramaturgia amazônica.
O documentário também reúne depoimentos de Nielson Menão, Ednelza Sahdo, Stanley Whibbe e outros integrantes do TESC, além de arquivos fotográficos, filmagens de peças e registros sonoros do grupo musical A Gente – formado no próprio TESC. O lançamento acontece cerca de um ano após o falecimento de Márcio Souza, um dos líderes do TESC e escritor que marcou a literatura amazonense por meio de obras como “Galvez – Imperador do Acre” e “Ajuricaba – O Caudilho das Selvas”.
“É um filme que resgata e preserva a história do TESC para as futuras gerações, inspirando novos artistas e pesquisadores. Quem tiver o desejo de se debruçar sobre o assunto, sempre terá este material à disposição”, destaca Gustavo Soranz, diretor da obra.
Assista online
O longa se junta ao acervo da SOMMOS AMAZÔNIA, plataforma online que já conta com 300 filmes. O resultado é fruto de um trabalho de pesquisa, curadoria e de um processo constante e dinâmico de licenciamento de conteúdos produzidos por uma ampla rede de parceiros locais, nacionais e internacionais. Entre os Filmes e Séries, estão produções premiadas como “Segredos do Putumayo”, de Aurélio Michiles; “Brincando nos Campos do Senhor”, de Hector Babenco; “Olhares do Norte”, de Fernando Segtowick; e obras da centenária cinematografia amazônica, a exemplo de “Amazonas: o maior rio do mundo”, de Silvino Santos.
Ficha técnica:
Argumento: Márcio Souza
Roteiro, Direção e Produção executiva: Gustavo Soranz
Fotografia: Erlan Souza
Animação: Ricardo Juliani e J.A. Rezende
Produtora: Rizoma Audiovisual