Por Marcos R. Loncorovici Júnior
Cada vez mais (digo isso com muito entusiasmo), as empresas podem contar com a tecnologia em seus processos em todas as áreas, embora também tenham absorvido uma série de tarefas, a exemplo do malote de boletos, guias de recolhimento entre outros, que se levava ao banco diariamente para pagamentos e que hoje é processado internamente por um colaborador ou dono, através de ferramentas e soluções como pagamentos digitais, DDA, débito automático e remessa, que no dia a dia otimizam o tempo, que está mas concorrido com outros tantos afazeres.
Além dessa absorção (mesmo com apoio da tecnologia), as empresas precisam cada vez mais estar antenadas a tudo que acontece interna e externamente, fazendo gestão, controles, cuidando de processos e tomando decisões. Esses afazeres também estão rodeados de tecnologia como I.A. (inteligência artificial), mas que agora demandam mão de obra qualificada e cada vez mais técnica.
Conversando com um amigo, tratávamos sobre não mais o diferencial, mas a necessidade de se olhar para tudo (me refiro às linhas/rubricas do DRE de uma empresa), para encontrar e manter diferenciais competitivos e alternativas para melhorar a eficiência e manter a saúde do negócio. E tudo isso só pode ser feito por pessoas, direta ou indiretamente, especialmente as tomadas de decisões.
Pois bem! Quem serão as pessoas que farão tudo isso? Quem serão as pessoas que cuidarão das operações, produção, loja e logística de tal modo que façam valer as estratégias definidas e implantarão com êxito as rotinas e processos redesenhados após análises de melhoria e evolução, tão cuidadosamente desenhados pela Diretoria ou gestão? São e serão pessoas! Profissionais capacitados, de confiança, com disciplina, comprometidos e engajados! Mas onde estão ou estarão? Quem serão? Serão aqueles profissionais que você terá que formar, que você terá que conquistar para sua empresa diante de tantas outras oportunidades que estão disponíveis e concorrendo com sua empresa no mercado de trabalho. Concorrendo agora não apenas através de ofertas de maiores salários, mas também de horários (flexíveis ou menores), clima organizacional, hierarquia e processos bem definidos e concorrendo até com a distância, seja em quilômetros ou em “tempo de deslocamento” casa trabalho x trabalho casa.
Isso tudo significa dizer que você, empreendedor, gestor, diretor, supervisor, precisa parar para olhar e pensar sobre como está o seu RH! Não apenas onde está e quem é o responsável, mas quais as suas políticas de RH para atrair, reter e fidelizar pessoas! É tempo de dedicar atenção a esse assunto, atualizando as políticas, mas também as estruturas de seu RH. Lembrem-se, DP não é RH! RH tem vida própria (a não ser que isso ainda não seja possível ou necessário em função do tamanho e ou pouca quantidade de pessoas na sua estrutura), mas o RH precisa, necessariamente, de mais atenção!
Já ouvi de um empresário que seus colaboradores não se entusiasmaram, tampouco valorizaram o convênio médico oferecido pela empresa, como ele achou que pudesse ser; a cidade tem um ótimo serviço de saúde e todos são, de modo geral, muito bem assistidos por lá, e a pergunta foi: Mas então? Você já perguntou o que seus colaboradores valorizam e esperam e, claro, que esteja ao seu alcance? Disponibilizar um seguro de vida, um convênio médico ou odontológico não pode ser tudo em uma política de RH, mas deve ser parte de um contexto criado para atrair e reter talentos.
Tratando frequentemente com a análise de demonstrativos de resultados nas empresas (DRE), digo que há algo que, mesmo sendo subjetivo e intangível, pode ser sinalizado pelos números (turn-over, custo de rescisão sobre faturamento, índice de perdas, entre outros), que é o aprendizado da empresa! Empresa com rotatividade ou equipe desalinhada não aprende, e já vimos que com tanta tarefa que as empresas absorveram e que precisam inserir em suas rotinas, a empresa precisa e é praticamente obrigada a aprender a todo momento! Não se tem a receita pronta, por isso é preciso olhar, analisar, conversar, interagir, entender, para poder oferecer uma política de RH que te ajude! Ela não resolverá todos os seus problemas, mas certamente poderá te ajudar muito neste ambiente tão competitivo por mão de obra e profissionais qualificados e comprometidos!
Vale muito, dependendo do segmento, é até imprescindível que sejam inseridas mecânicas de remuneração variável, independentemente do nível hierárquico, não apenas para atrair, mas especialmente para motivar e manter talentos. Tome cuidado para não pecar pelo excesso, seja de regras, de metas tão elevadas e inatingíveis e até mesmo de bônus demasiadamente elevados que podem não se sustentar com o tempo e inviabilizar financeiramente a estratégia, podendo culminar em descontinuar o modelo, o que pode até piorar a situação! Mas pense nisso que pode em breve não ser apenas um diferencial, mas uma necessidade de se ter uma respeitada e atrativa política de RH!
*Marcos R. Loncorovici Júnior | Graduado em Administração, pós graduado em gestão de pessoas, finanças, marketing e gestão estratégica de negócios, consultor sócio na empresa Alicerce consultoria, Professor em cursos de Pós graduação de controladoria e finanças e representante do CRA (conselho regional de Administração)