A Força Aérea dos Estados Unidos informou na segunda-feira 4 que vai testar um míssil nuclear Minuteman III desarmado, primeiro lançamento do tipo desde que o presidente Donald Trump anunciou que retomaria ensaios com armas atômicas como uma resposta à Rússia e à China.
O disparo será realizado em algum momento entre as 23h01 desta quarta-feira, 5 (4h01 de quinta, 6, em Brasília) e as 5h01 da quinta (10h01 em Brasília), da base aérea de Vandenberg, na Califórnia. De acordo com avisos de navegação marítima, o míssil balístico intercontinental cairá sobre uma área de testes no Atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall, que nos anos 1950, início da Guerra Fria, foi palco de uma série de testes nucleares.
Ações obscuras
Embora Trump tenha anunciado na semana passada ordenou o Pentágono a retomar “imediatamente” os testes de armas nucleares, o escritório de relações públicas da Base Espacial de Vandenberg afirmou que a ação desta quinta “é rotineira e foi programada com anos de antecedência”.
Quando o presidente indicou a retomada de testes do tipo, não ficou claro se ele se referia a ogivas em si, ou apenas a armas capazes de carregá-las — coisa que o Pentágono faz regularmente; o último teste do Minuteman III ocorreu em maio, e a Marinha testou um míssil balístico Trident II lançado de submarino em setembro. Trump se recusou repetidamente a esclarecer suas intenções quando questionado por repórteres. O secretário de Energia, Chris Wright, garantiu que os novos testes ordenados por Trump não incluiriam explosões nucleares.
Os americanos detêm um arsenal de 400 mísseis Minuteman III em silos subterrâneos distribuídos pelo Colorado, Nebraska, Dakota do Norte e Wyoming. No entanto, as ogivas desse equipamento foram parcialmente desarmadas e sua capacidade de destruição, reduzida, como parte do Tratado Novo START de 2014, que limita os arsenais nucleares dos Estados Unidos e da Rússia. O tratado expira em fevereiro de 2026.
Retomada de testes
Na semana passada, Trump disse que instruiu o Departamento de Defesa a retomar imediatamente testes de armas nucleares “em igualdade de condições” com outras potências nucleares.
“Por causa dos programas de testes de outros países, instruí o Departamento de Guerra a começar a testar nossas armas nucleares em igualdade de condições. Esse processo começará imediatamente”, disse Trump na sua rede, a Truth Social. “Rússia está em segundo lugar, e a China é um distante terceiro, mas alcançará em até cinco anos.”
Antes do anúncio, presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país testou com sucesso um supertorpedo movido a energia nuclear, o Poseidon (apelidado de “arma do juízo final”), que analistas julgam ser capaz de devastar regiões costeiras com ondas oceânicas radioativas.
Trump vem subindo o tom contra a Rússia pela resistência de Putin de negociar o fim da guerra na Ucrânia. Na semana passada, os Estados Unidos sancionaram as duas maiores empresas petrolíferas russas.
A última vez que Washington testou armas nucleares ocorreu em 1992.
O mapa das ogivas
Rússia e EUA, juntos, possuem cerca de 90% de todas as armas nucleares. O tamanho de seus respectivos estoques militares (ou seja, ogivas utilizáveis) parece ter permanecido relativamente estável em 2024, mas ambos os países estão implementando extensos programas de modernização, que podem aumentar o tamanho e a diversidade de seus arsenais no futuro.
Segundo um relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), divulgado em junho, os Estados Unidos detém cerca de 5.328 ogivas, enquanto a Rússia é dona de 5.580. Em sequência, na lista, ficam China (500), França (290), Reino Unido (225), Índia (172), Paquistão (170), Israel (90) e Coreia do Norte (50).
Mesmo atrás, a China tem o arsenal nuclear com crescimento mais rápido entre todos os países, com cerca de 100 novas ogivas por ano desde 2023. Até janeiro de 2025, já havia concluído ou estava perto de concluir cerca de 350 novos silos de ICBM em três grandes campos desérticos no norte do país e três áreas montanhosas no leste. Ainda que Pequim atinja o número máximo projetado de 1.500 ogivas até 2035, o número representará apenas um terço de cada um dos atuais estoques nucleares de Moscou e de Washington.













