Zelensky diz que Rússia mobilizou 170 mil soldados em nova ofensiva no leste da Ucrânia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta sexta-feira, 31, que cerca de 170 mil soldados russos foram deslocados para a região de Donetsk, no leste do país. O foco da ofensiva é a cidade estratégica de Pokrovsk, transformada em símbolo da resistência ucraniana durante a guerra com a Rússia.

Segundo Kiev, o avanço russo é intenso, mas as forças locais continuam resistindo.

“A situação em Pokrovsk é difícil”, admitiu Zelensky, ao reconhecer que unidades russas conseguiram penetrar partes da cidade. Ele, contudo, negou que o local esteja totalmente cercado, como afirmam os russos. “Eles estão em Pokrovsk, mas estão sendo destruídos, gradualmente destruídos. Precisamos preservar nosso pessoal”.

Localizada na disputada região de Donetsk, Pokrovsk é lar de cruzamentos rodoviários e ferroviários, sendo estratégica para as linhas de suprimento de Kiev no front oriental. Embora o Exército russo tenha chegado aos arredores da cidade ainda em 2024, as primeiras incursões só aconteceram neste ano. Inicialmente isoladas, as invasões chegaram a um novo patamar no domingo, 29, quando soldados de infantaria escaparam das linhas de defesa ucranianas e avançaram sobre a localidade.

A ofensiva russa ocorre após o presidente Vladimir Putin afirmar que suas tropas têm feito “progressos significativos” no campo de batalha — apesar das perdas elevadas em soldados e equipamentos. Enquanto isso, a Ucrânia tenta revidar com ataques a alvos dentro do território russo, especialmente em instalações petrolíferas e bases militares. De acordo com Vasyl Maliuk, chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia, o país realizou mais de 160 ataques de longo alcance contra a infraestrutura energética russa desde o início do ano, o que teria reduzido em 20% a oferta de derivados de petróleo no mercado interno da Rússia.

Paralelamente, o conflito tem se tornado cada vez mais devastador para a população civil. A ONU relatou um aumento de 30% nas mortes e ferimentos de civis em 2025, em comparação ao ano anterior. Ataques com drones russos atingiram áreas residenciais na cidade de Sumy, ferindo 11 pessoas — entre elas quatro crianças —, e danificaram instalações de energia na região de Odessa, no sul. Com a aproximação de um inverno mais rigoroso e o sistema energético ucraniano sob constante ataque, o risco de uma crise humanitária é crescente.

“O bombardeio contínuo de instalações de energia, às vésperas do inverno, é uma forma de terror que ameaça milhões de pessoas”, alertou o coordenador humanitário da ONU na Ucrânia, Matthias Schmale, que descreveu o conflito como uma “guerra cada vez mais prolongada e sem sinais de fim”.

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