Em baixa como presidenciável, Flávio Bolsonaro se fortalece como mensageiro do pai

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reabrir a investigação sobre o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por um suposto envolvimento na tentativa de golpe pegou integrantes do partido de surpresa e atingiu em cheio as articulações para as eleições de 2026.

Na última terça-feira, 21, a Corte retomou as apurações sobre o dirigente após um pedido do ministro Alexandre de Moraes feito em voto que condenou, entre outras pessoas, um empresário contratado por Valdemar que produziu relatórios que contestavam o funcionamento das urnas eletrônicas.

Com a decisão, o dirigente do PL, por estar na condição de investigado, fica impedido de manter qualquer contato com Jair Bolsonaro, já condenado no inquérito da trama golpista. Valdemar e o ex-presidente são as principais peças na definição das candidaturas das eleições de 2026 – tanto a presidencial quanto as de governadores, deputados e senadores.

As tratativas vinham ocorrendo durante as visitas de Valdemar a Bolsonaro, que cumpre prisão em regime domiciliar. O veto aos encontros fortalece uma missão que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já vinha cumprindo: a de porta-voz do ex-presidente. Por ser familiar, Flávio tem acesso livre ao pai e não depende do aval de Moraes, que costuma demorar dias ou até semanas para conceder a liberação. Assim, figuras que têm urgência para falar com Bolsonaro acabam recorrendo ao filho, que funciona como uma espécie de mensageiro.

Agora, diante da desautorização imposta a Valdemar, deve ser o filho Zero Um quem deve concentrar as principais negociações eleitorais com Bolsonaro. Essa prerrogativa se dá num momento em que Flávio, como mostra reportagem de VEJA dessa edição, tenta se cacifar para ser candidato à Presidência em 2026 como o herdeiro político do pai.

O movimento do senador é visto com reservas e desagrada uma relevante parte do Centrão e até representantes de seu próprio partido, que tentam demovê-lo da iniciativa por considerá-lo sem viabilidade eleitoral para concorrer ao Palácio do Planalto.

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