Simpósio Dor e Comportamento reúne especialistas e destaca a importância de reconhecer a dor além dos sinais físicos

Nos dias 18 e 19 de outubro, São Paulo recebeu mais uma edição do Simpósio Dor e Comportamento, um encontro que já se tornou referência na discussão sobre bem-estar animal, manejo da dor e comportamento.

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Durante dois dias, profissionais e estudantes se reuniram para refletir sobre o impacto da dor na vida dos cães e gatos, em uma programação que combinou ciência, sensibilidade e acolhimento.

A abertura do evento foi feita por Ana Luisa Lopes, com a palestra “Pode não parecer, mas esse comportamento pode ser dor”. Ela convidou o público a olhar além dos sintomas evidentes e a reconhecer os sinais sutis de dor crônica, muitas vezes confundidos com questões puramente comportamentais. Ana destacou como a mudança de postura, a apatia e até a agressividade podem ser expressões silenciosas de desconforto físico.

Na sequência, Maira Formenton apresentou “Anticorpos monoclonais na OA felina: da pesquisa à prática clínica”, trazendo uma visão atualizada sobre as novas terapias disponíveis para o tratamento da osteoartrite em gatos.

Sua palestra mostrou como os anticorpos monoclonais estão revolucionando o controle da dor felina, oferecendo segurança e eficácia em um grupo de pacientes historicamente desafiador.

Na sequência, Lucas Pimentel ministrou a palestra “Da internação ao pós-operatório: como a dor molda o comportamento dos nossos pacientes”. Ele destacou a importância do controle da dor em todas as etapas do cuidado hospitalar, mostrando como experiências dolorosas podem deixar marcas emocionais duradouras e alterar o comportamento futuro do animal.

Prosseguindo com a programação, o trio formado por Bruna Bianchini Real, Amanda Moreno e Vanessa Karam trouxe um tema que tocou muitos participantes: “Fadiga do cuidador”. Elas discutiram o impacto emocional e físico de profissionais e tutores que convivem com animais em sofrimento, reforçando a importância de reconhecer os próprios limites e cultivar o autocuidado como parte do trabalho em saúde e comportamento.

Encerrando o primeiro dia, Thiago Vendramini explorou a “Relação da obesidade com dor e comportamento”, evidenciando que o excesso de peso é um fator silencioso de dor e desconforto. Ele ressaltou como a obesidade pode alterar a biomecânica, gerar inflamações e interferir nas respostas comportamentais, criando um ciclo de sedentarismo e sofrimento.

O sábado também contou com uma mesa-redonda que reuniu diferentes palestrantes para trocar experiências e responder perguntas do público, além de um momento de acolhimento que emocionou os participantes e reforçou o propósito humano e sensível por trás do simpósio.

Palestra Ana no Simpósio Dor e Comportamento
Ana Luisa Lopes abriu a programação de palestras do primeiro dia do Simpósio Dor e Comportamento (Foto: Cães & Gatos)

Segundo dia

O segundo dia do Simpósio Dor e Comportamento começou com Fernanda Vituri que apresentou a palestra “Prevenir é cuidar: como evitar a dor em animais que estão crescendo?”. Ela destacou a importância da prevenção desde a fase de filhote, com foco em nutrição adequada, manejo correto e diagnóstico precoce de alterações ortopédicas.

Logo depois, Liege Garcia abordou o tema “Castração, dor e comportamento”. Sua palestra discutiu os impactos físicos e emocionais desse procedimento, enfatizando a necessidade de avaliar cada caso individualmente e garantir protocolos de analgesia e manejo que minimizem o sofrimento.

Diretamente do Reino Unido, Sarah Heath trouxe uma perspectiva internacional em duas palestras que marcaram o evento. Em “A comprehensive healthcare approach to understanding pain and its implications”, ela defendeu uma abordagem integral da dor, considerando não apenas o corpo, mas também o ambiente e o estado emocional dos animais.

Já em “Looking beyond lameness – using behavioural change to identify chronic pain”, Sarah mostrou como pequenas mudanças comportamentais podem ser os primeiros indicadores de dor persistente, convidando os profissionais a aprimorar o olhar clínico e empático.

Em seguida, Rita Carmona apresentou o tema “Dermatite atópica e seu impacto no bem-estar dos cães”, destacando que doenças dermatológicas não afetam apenas a pele, mas todo o comportamento e a qualidade de vida do animal. Rita mostrou como o prurido constante e a inflamação crônica podem gerar irritabilidade, alterações de sono e até mudanças nas interações sociais.

Encerrando o ciclo de palestras, Carlos Geraldo Jr. abordou “Micção fora da caixa e Síndrome de Pandora: dor ou comportamento?”. Sua fala integrou aspectos médicos e comportamentais, mostrando como o desconforto físico frequentemente se manifesta em alterações no uso da caixa de areia e outros comportamentos indesejados em felinos.

O evento terminou com a apresentação dos trabalhos premiados, reconhecendo experiências clínicas que contribuem para o avanço do conhecimento sobre dor e comportamento animal.

Mais uma vez, o Simpósio Dor e Comportamento se consolidou como um espaço essencial de aprendizado, empatia e conexão entre profissionais comprometidos em promover o verdadeiro bem-estar dos animais — e daqueles que cuidam deles.

A próxima edição do simpósio já tem data marcada: em 2026, o evento contará com duas versões on-line, nos dias 30 de maio e 17 de outubro. Também haverá uma edição presencial em fevereiro de 2027.

Fonte: Simpósio Dor e Comportamento, adaptado pela equipe Cães e Gatos.

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