O excesso de peso já é uma realidade na vida de muitos pets, mas não pode ser negligênciado. Por isso, foi criado o “Dia Nacional de Prevenção à Obesidade Pet”, celebrado em 11 de outubro.
Há quem considere o processo de emagrecimento mais simples em cães do que em gatos. Essa, realmente, pode ser uma verdade, visto que não é fácil de combater a obesidade felina.
O excesso de peso nos animais da espécie pode estar relacionado a diversos fatores.
“As principais causas são dietas disponíveis à vontade, pouco ou nenhum enriquecimento ambiental e falta de interação e brincadeiras de caça. Já o fornecimento de petiscos calóricos e alimentos em excesso torna a dieta desbalanceada e favorece o ganho de peso, assim como o fato de gatos castrados poderem ter seu metabolismo diminuído e apetite aumentado”, comenta a médica-veterinária pós-graduada em Clínica Médica de Felinos e sócia-proprietária do consultório veterinário exclusivo para gatos My Cat, Nayara Cristina de Oliveira Fazolato.
No entanto, existem outros fatores que podem colaborar com essa condição. Segundo a profissional, gatos ansiosos que convivem em um ambiente com poucos recursos podem descontar sua frustração no alimento.
“Além disso, felinos de meia-idade a idosos podem ter doença articular degenerativa, que leva a um quadro inflamatório doloroso crônico, reduzindo a movimentação do animal. Assim, ocorre ganho de peso, que sobrecarrega ainda mais a articulação e reduz a mobilidade. Os fatores genéticos e individuais também podem predispor a obesidade”, esclarece.
Perigo além da estética
A obesidade em felinos não altera apenas o score corporal do animal, podendo ser também percursora de uma série de distúrbios de saúde.
Nayara relata que, além da sobrecarga articular pelo aumento de peso, a principal comorbidade a se preocupar é a diabetes mellitus, que tem como principal fator a resistência à insulina provocada pela quantidade de gordura acima da normalidade.
“Outras doenças podem surgir como complicação da obesidade, como cistites, seborreia e dislipidemias. Há ainda a probabilidade de constipação, cansaço excessivo e dificuldade respiratória”, pontua.
Vale a pena completar que, se por ventura um gato obeso desenvolver alguma doença que curse com anerexia, há maior risco do surgimento de lipidose hepática. “Sem falar que felinos obesos vivem menos”, alerta.

Alimentação calórica é a principal vilã
A médica-veterinária comenta que a principal causa da obesidade é o manejo inadequado, principalmente relacionado a oferta de alimentos calóricos ou em excesso.
“Petiscos, bolachinhas, biscoitos, pastelzinhos… todos esses snacks são calóricos e devem ser evitados. Alimentos humanos também não devem ser ofertados, como os clássicos miolo de pão com requeijão, carne e peito de peru”, cita.
Ainda de acordo com ela, as frutas são erroneamente oferecidas, pois têm em sua composição frutose, um tipo de açúcar que colabora para o ganho de peso.
“Outro erro é o de oferece rações de filhotes para gatos adultos. Esses alimentos possuem maior teor de gordura e energia por serem formulados para animais em fase de crescimento e podem levar a obesidade”, informa.
Como combater a obesidade felina?
O combate a obesidade felina requer orientação profissional e comprometimento dos tutores.
“Criar uma rotina mais saudável, melhorar enriquecimento ambiental com prateleiras, nichos e arranhadores, ofertar petiscos com baixa calorias, utilizar brinquedos com Catnip para estimular a interação e controlar a dor no caso de pacientes com alterações osteoarticulares são algumas medidas recomendadas”, exemplifica Nayara.
Além disso, mudanças na dieta são de extrema importância. A médica-veterinária recomenda a utilização de dieta apropriada para obesidade, que possui menor aporte calórico e garantia nutricional adequada.
“Para identificar qual é a quantidade diária de ração ideal realizamos cálculos de necessidade energética em repouso (NER) e necessidade energética para emagrecimento (NEE). Em seguida, a quantia deve ser fracionada entre as refeições”, esclarece.
Porém, Fazolato ressalta que os gatos não podem ficar muito tempo sem se alimentar. Por isso, o ideal é oferecer, ao menos, quatro refeições ao dia, respeitando a quantidade diária recomendada.
“Para acompanhar a evolução devemos realizar pesagem semanal com a mesma balança. O felino deve perder entre 0.5% a 1% do peso corporal, não excedendo a 2%. A jornada para a redução de peso é longa e gradual e o alimento nunca deve ser reduzido de forma drástica devido ao risco de lipidose hepática”, finaliza.
FAQ sobre a obesidade felina
Como é feita a identificação da obesidade em gatos?
O parâmetro utilizado para identificar a obesidade felina é o score corporal, que pode variar de 1 a 9. Quando há obesidade, as costelas não são palpáveis, a cintura não é visível e há distensão abdominal.
Como deve ser o manejo nutricional dos gatos obesos?
Deve-se utilizar dieta apropriada para obesidade, que oferece menor aporte calórico e possui garantia nutricional adequada às necessidades do animal.
Quais técnicas de enriquecimento ambiental podem ser aplicadas para estimular a perda de peso em gatos?
O enriquecimento ambiental pode ser realizado a partir de brinquedos que contenham Catnip, prateleiras em ambientes que os tutores costumam passar a maior parte do tempo, arranhadores altos, que permitam o paciente se esticar ao arranhar, e brinquedos interativos, no qual é colocada ração dentro.
LEIA TAMBÉM:
Medicamentos para emagrecimento de pets são a aposta de indústrias farmacêuticas
Como calcular a quantidade de ração ideal para os pets?
Estudo mostra que castração precoce não eleva o risco de obesidade em gatos