Macron nomeia Sébastien Lecornu como premiê da França, 4 dias após renúncia 

O presidente da França, Emmanuel Macron, comunicou nesta sexta-feira, 10, que Sébastien Lecornu será reconduzido ao cargo de primeiro-ministro do país, quatro dias após ele anunciar renúncia.

A decisão foi anunciada poucos minutos depois do prazo de 48 horas para a divulgação do novo nome. Em comunicado, Lecornu afirmou que aceitou a missão “por dever”.

Em sua primeira passagem pelo cargo, Lecornu se tornou o premiê de mandato mais curto da Quinta República Francesa, estabelecida em 1958, quando renunciou na segunda-feira 6, apenas 14 horas após anunciar seu gabinete, e 27 dias depois de substituir seu antecessor, François Bayrou. A crise expõe a fragilidade do governo Macron, que já perdeu quatro primeiros-ministros em pouco mais de um ano.

Ao longo desta semana, Lecornou abriu negociações com diferentes siglas, em especial os socialistas, que sinalizaram abertura para apoiar medidas pontuais, mas rejeitaram integrar formalmente um governo com os aliados de Macron. A centro-direita, por sua vez, deixou em aberto a possibilidade de compor um gabinete “de plataforma comum” (socle commun), mas resiste a qualquer coalizão com a esquerda.

O maior obstáculo do impasse político francês continua sendo a aprovação do orçamento de 2026, que prevê cortes de gastos para reduzir o déficit público — hoje em 168,6 bilhões de euros, o dobro do limite estabelecido pela União Europeia. A proposta encontrou rejeição tanto da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, do Reagrupamento Nacional, quanto da esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon, do França Insubmissa, além de descontentar setores centristas que compõem a base de Macron.

Outro ponto de tensão é a reforma da Previdência, aprovada em 2023, que elevou a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos e segue extremamente impopular, a suspensão da medida, no entanto, custaria bilhões de euros aos cofres públicos em um momento de ajuste fiscal.

Sem maioria no Parlamento, dividido em três blocos que não se suportam, Macron vinha sofrendo pressão para convocar novas eleições legislativas para renovar a Assembleia Nacional, na esperança de que a reconfiguração interrompa os impasses. Pesquisas apontam crescimento do Reagrupamento Nacional, de Le Pen, mas não o suficiente para que os radicais obtenham maioria absoluta, o que significa um resultado semelhante à atual fragmentação.

Publicidade

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *