Israel ratifica acordo e cessar-fogo com Hamas deve ter início em até 24 horas

O gabinete de segurança do governo de Israel aprovou oficialmente nesta quinta-feira, 9, o cessar-fogo com o grupo militante palestino Hamas, prevendo também o retorno de reféns israelenses em Gaza. Com a ratificação, entra em vigor o prazo de 24 horas para implementação de cessação de hostilidades e de 72 horas para a libertação dos cativos, em troca de prisioneiros palestinos.

“O governo aprovou o plano para a libertação de todos os reféns — os vivos e os mortos”, anunciou a conta oficial do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no X, antigo Twitter.

Mais cedo, o chefe Hamas em Gaza, Khalil Al-Hayya, já havia anunciado assinatura por parte do grupo e declarado o início de um cessar-fogo permanente.

Em uma entrevista à emissora americana Fox News, o ministro de Relações Exteriores israelense, Gideon Sa’ar, disse que Israel não pretende prosseguir com a guerra após a assinatura do acordo.

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O acordo foi acertado na véspera durante negociações no Egito e inclui a retirada das Forças Armadas israelenses do enclave, a interrupção dos ataques militares e a libertação dos reféns — os vivos, segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que avançou a proposta, serão soltos na próxima segunda-feira.

A aprovação coloca pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu. Nesta quinta, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, afirmou que seu partido, Poder Judaico, votaria contra a primeira fase do acordo de cessar-fogo — embora tenha ressaltado que seu partido não está saindo da coalizão do primeiro-ministro, Ben Gvir alertou que, se o Hamas não for “desmantelado”, seu grupo político “derrubará o governo”.

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Em tom similar, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, também anunciou que seu partido, o Sionismo Religioso, se oporia ao acordo. Se Ben Gvir e Smotrich saírem da coalizão, que não tem maioria parlamentar, o governo cai de 60 para 47 cadeiras no Parlamento, de 120 assentos, o que pode desencadear novas eleições.

“Nossos corações estão cheios de alegria, felicidade e entusiasmo pelo retorno esperado de todos os reféns”, afirmou Ben Gvir em um comunicado. “Mas, além dessa alegria, não devemos — em hipótese alguma — ignorar a questão do preço: a libertação de milhares de terroristas, incluindo 250 assassinos que devem ser libertados das prisões.”

O que prevê o acordo e o que ainda está em aberto

Desencadeada pelo brutal ataque de 7 de outubro de 2023 a Israel, que matou cerca de 1.200 pessoas, muitas delas civis, a campanha militar de retaliação contra Gaza foi devastadora, matando mais de 67 mil pessoas, incluindo muitas crianças, enquanto os bloqueios à entrada de suprimentos no território resultaram em quadros gerais de inanição e fome aguda. A guerra arrasou o território palestino e desencadeou uma enorme crise humanitária.

Sob o texto, a primeira fase suspenderá as hostilidades no enclave, com as tropas israelenses recuando para novas posições. Os reféns mantidos pelo Hamas – dos quais se acredita que cerca de 20 estejam vivos – serão libertados em 72 horas, seguidos pelos restos mortais dos outros 28.

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Em troca, entre 1.700 e 2.000 prisioneiros palestinos serão liberados de prisões israelenses — o Hamas entregou uma lista com nomes de 250 pessoas condenadas à prisão perpétua e mais 1,7 mil detidas em Gaza desde outubro de 2023.

E haverá um aumento na entrada de ajuda humanitária no território, extremamente necessária, embora o cronograma desse fluxo não tenha sido especificado. Não se tabe também se todas as organizações estrangeiras estariam liberadas para entrar no território e que tipo de suprimentos seriam permitidos passar nessa retomada. Segundo uma fonte citada pela BBC, quando o cessar-fogo entrar em vigor, Israel permitirá que 400 caminhões de ajuda entrem em Gaza diariamente durante os primeiros cinco dias, um número que aumentaria gradualmente nas etapas posteriores. Mas nenhuma das partes confirmou essa informação.

Também é incerto exatamente quanto território as IDF vão ceder – a mídia israelense fala em diminuir a área de ocupação em Gaza de 75% para 57% em um primeiro momento.– e qual poderia ser o cronograma para uma retirada, mesmo que parcial.

Outro ponto importante: o desarmamento do Hamas. Conforme relatou o jornal americano The New York Times, o grupo palestino poderia aceitar um desarmamento parcial de suas forças em Gaza, exigindo em troca algum tipo de garantia vinda de Trump de que Israel não retomará a guerra. E parece improvável que os combatentes aceitem uma anistia ou se exilem, como especifica o plano de 2o pontos de Trump.

Há outras questões a serem resolvidas – a forma exata de governança em Gaza após o fim definitivo da guerra, a potencial reconstrução do território devastado, quem poderia fornecer soldados para uma força internacional de “estabilização”, e muito mais. Tudo isso ainda precisa ser totalmente negociado e, ou mesmo, explicitamente acordado em princípio.

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