Metanol em bebida: número de notificações sobe para 59, diz ministro da Saúde

O ministro da Saúde Alexandre Padilha afirmou nesta quinta-feira, 3, que o número de notificações de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas subiu para 59. O balanço diz respeito a casos suspeitos e confirmados no país. O estado de São Paulo concentra a maior parte dos casos, mas episódios são investigados em Pernambuco e no Distrito Federal. Uma Sala de Situação foi implementada pela pasta para acompanhar a escalada de registros, que supera a média 20 casos por ano e se intensificou a partir de agosto.

“Neste momento, temos 59 casos notificados entre suspeitos e confirmados. Deste 59 casos, 11 deles têm a detecção laboratorial da presença do metanol”, afirmou em coletiva.

Um episódio adicional, de Brasília, ainda não entrou nas estatísticas oficiais, mas é acompanhado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da capital federal e já tem indícios de relação com o metanol.

“Tem um décimo segundo, que é o de Brasília, que o Cievs de ainda não informou a confirmação para o Ministério da Saúde, mas, como nossa equipe está acompanhando desde o início da internação, já temos a informação que foi detectada a presença do metanol no exame feito no hospital onde esse paciente está internado.”

Padilha explicou que a nota técnica lançada nesta semana reafirma o uso do etanol farmacêutico como antídoto efetivo para os casos de intoxicação.

“O governo federal já estabeleceu um estoque desse etanol farmacêutico nos hospitais universitários federais. Estamos ampliando o estoque e vamos chegar à compra de mais 4.300 ampolas que estarão disponíveis para qualquer estado e qualquer unidade de saúde que não tenha esse produto. Podemos deslocar de imediato.”

De acordo com o ministro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mapeou 604 farmácias de manipulação que já produzem o etanol farmacêutico e os gestores estaduais vão receber a lista desses estabelecimentos caso queiram fazer a aquisição.

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Chamamento internacional para antídoto

Também nesta quinta-feira, 3, a Anvisa anunciou  a abertura de um edital de chamamento internacional para aquisição de um medicamento usado como antídoto para intoxicação por metanol.

A solicitação é para a identificação de fabricantes e fornecedores do Fomepizol, fármaco que não tem registro sanitário no Brasil. Segundo balanço do Ministério da Saúde, entre casos suspeitos e confirmados, o país registrou oito mortes pela ingestão da substância em bebidas alcoólicas adulteradas.

Segundo a agência, o documento, assinado pelo Ministério da Saúde, aponta a “urgente de assegurar o abastecimento nacional do medicamento, garantindo a segurança assistencial em situações de emergência”.

Professor do Departamento de Química da USP Ribeirão Preto, o toxicologista Daniel Junqueira Dorta, diz que esse medicamento é mais eficaz do que o etanol utilizado no socorro das vítimas que está disponível no país.

“Ele é aplicado diretamente na corrente sanguínea na veia e vai inibir aquelas enzimas que fazem o processo de metabolização do metanol. Assim, fica só o etanol, que é menos tóxico.” Dorta explica que, para obter os melhores resultados da medicação, ela deve ser administrada assim que os sintomas se manifestarem. Logo, as pessoas não devem esperar o agravamento do quadro para buscar ajuda médica.

Como identificar uma possível intoxicação por metanol

O metanol é um tipo de álcool usado na indústria e que não pode ser consumido por desencadear a produção de substâncias altamente tóxicas ao ser metabolizado no fígado, como formaldeído e ácido fórmico.

Elas atacam o sistema nervoso central, o nervo óptico e os rins, causando comprometimento neurológico, cegueira irreversível e insuficiência renal em casos mais graves. O quadro pode evoluir para choque e óbito.

É fundamental ficar atento a sintomas como cólica, sonolência, tontura, náuseas, vômitos, confusão mental, taquicardia, visão turva, fotofobia e convulsões. 

A pessoa deve buscar socorro médico para receber o antídoto, um etanol usado em ambientes hospitalares, para cortar a metabolização do metanol.

Cuidados ao consumir bebidas alcoólicas

Em nota, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) de São Paulo recomendou que bares, empresas e demais estabelecimentos “redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos”. Para a população, os cuidados são:

  • Adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal
  • Evite opções de origem duvidosa e com preços muito abaixo do valor de mercado
  • Procure ajuda médica em caso de sintomas
  • Ligue para o Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
  • Se precisar de orientação especializada, entre em contato com o CIATox da sua cidade
  • Entre em contato com o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (0 xx 11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país

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