O município de Pompeia irá participar do Projeto Genomas, uma iniciativa inovadora que busca, de forma inédita, sequenciar o DNA da população. A Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia e o Instituto Chieko Nishimura, em parceria com a Prefeitura Municipal, CIAG, IPEC Guarapuava, Famema e Fatec Pompeia são responsáveis pela implantação.
O objetivo é construir bases para a medicina de precisão e, assim, poder melhorar o futuro da saúde, fomentando a prevenção de doenças crônicas e raras. A ação acontece por meio de um acordo de cooperação técnico-científica com o governo do Paraná, que já conta com o programa em andamento na cidade de Guarapuava, onde a FSNT participa da governança.
“Para a Fundação, tem uma importância muito grande estarmos em um projeto de relevância nacional. É uma estratégia que gera pesquisa e expertise na área do genoma, para a saúde preventiva do país”, destacou o superintendente do órgão, Elvis Fusco.
A seleção dos 1300 participantes de Pompeia será por meio de sorteio, distribuídos por regiões demográficas, além de 100 vagas destinadas a idosos acima de 80 anos, cognitivamente saudáveis. A coleta de amostras biológicas, como sangue e fezes será realizada no Laboratório de Análises Clínicas (LAC) de Pompeia e enviados a Guarapuava, para análise.
As amostras serão processadas no IPEC (Instituto para Pesquisa do Câncer) de Guarapuava, utilizando de uma infraestrutura e equipamentos de última geração para extração e sequenciamento do material genético, garantindo precisão e qualidade nos dados. A meta é criar um banco de dados genéticos detalhado, cujos resultados possam, em um futuro próximo, reduzir diagnósticos tardios; implementar estratégias de prevenção mais eficazes e especializar o tratamento de doenças como câncer, entre outras.
De acordo com informações do coordenador de integração no Projeto Genomas Pompeia, Eduardo Almeida, esse é um passo marcante para a história do município. “Olhamos com bom grado para o que chamamos de medicina preditiva, onde podemos compreender um pouco mais como a cidade vai caminhar com relação à saúde. Podemos potencializar o avanço de diretrizes, para caminharmos sobre elas, entendendo que o futuro vai nos aguardar.

O Projeto Genomas vai agregar muito para que Pompeia se torne a melhor cidade de pequeno porte do Brasil em qualidade de vida, com isto, impulsionando ainda mais nosso outro projeto, o Pompeia Visão 2038”.
O prefeito Diogo Ceschim ressaltou que a ação coloca Pompeia entre os municípios que contribuem ativamente para o avanço da ciência e da saúde pública no país.
“Estar inserida nessa iniciativa reforça o compromisso de Pompeia com a inovação, a ciência e o cuidado com a saúde de sua população. Nosso papel será garantir que a população tenha acesso à informação correta e participe de maneira voluntária e consciente. Participar significa contribuir para uma pesquisa de alcance nacional que poderá impactar positivamente a saúde das futuras gerações”.
Experiência em Guarapuava O Projeto Genomas Pompeia é considerado ‘gêmeo’ do Projeto Genomas Paraná, desenvolvido em Guarapuava. A parceria e a colaboração entre os municípios permitirá o compartilhamento de protocolos, treinamento de equipes locais e acompanhamento das etapas de recrutamento, coleta de dados epidemiológicos e amostras biológicas, garantindo a padronização dos procedimentos e a qualidade dos resultados obtidos.
Em Guarapuava, ele começou a ser estruturado entre os anos de 2020 e 2022, com coleta de dados epidemiológicos a amostras biológicas a partir de 2023. Atualmente, o programa está na etapa de sequenciamento genético, já contando com cerca de 3.300 amostras biológicas coletadas e aproximadamente 2.000 amostras sequenciadas.

Para o coordenador, David Livingstone Alves Figueiredo, as estratégias de prevenção e tratamento da maioria das doenças são feitas através da abordagem única ou pouco diversificada, sem considerar as diferenças entre os indivíduos. “A população brasileira apresenta uma mistura de populações de origem europeia, africana e nativa americana, o que nos torna únicos. O conhecimento sobre as nossas características genéticas é muito importante para uma nova forma de medicina: a medicina de precisão”, explicou o profissional, que também é médico e pesquisador.
Segundo ele, grande parte dos estudos genômicos existentes são conduzidos em outros países cujas populações possuem perfis genéticos distintos do nosso, o que faz do programa crucial para o desenvolvimento de diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e estratégias de prevenção mais eficazes.
A experiência e os resultados obtidos nos dois locais poderão servir como modelo para a implementação de iniciativas semelhantes em outras regiões, ampliando o impacto do projeto e o conhecimento sobre a diversidade genética e epidemiológica da população brasileira.
Programa Nacional de Genômica e Saúde Pública de Precisão Segundo informações da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Genômica e Saúde Pública de Precisão – Genomas Brasil foi criado para incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico nacional nas áreas de genômica e saúde de precisão, promover o fortalecimento da indústria genômica no país e estabelecer prova de conceito para uma linha de cuidado em genômica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, os projetos fomentados já foram ou estão sendo executados por Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) distribuídas em 21 das 27 unidades da federação. “Entre os objetivos do Programa Genomas Brasil está a estruturação de um banco de dados nacional de referência do genoma da população brasileira. Para isso, estabeleceu-se a meta de sequenciar o genoma completo de 100 mil indivíduos, considerando a diversidade étnica e cultural do país”, disse. O Programa não possui prazo de execução definido, por se tratar de uma ação estruturante do Estado brasileiro, com objetivos de médio e longo prazos.
Além de estruturar um banco de dados, o Programa Genomas Brasil já fomentou 250 projetos na área de Genômica e Saúde Pública de Precisão, por meio de chamadas públicas, contratações diretas e programas de renúncia fiscal e imunidade tributária. Desses projetos, nove são especificamente voltados à genômica.
Até julho de 2025, 67 mil sequenciamentos foram integralmente financiados e mais de 43 mil amostras já foram completamente sequenciadas. Entre os genomas já sequenciados, 47% referem-se à genômica populacional, 19% a doenças cardiovasculares, 18% a doenças raras, 13% a doenças oncológicas e 3% a doenças infecciosas. Referente à equidade de gênero, 56% dos projetos são liderados por homens e 44% por mulheres.