Catar nega versão da Casa Branca sobre aviso prévio de ataque israelense em Doha

A Casa Branca afirmou, na tarde desta terça-feira, 9, que avisou o Catar sobre o ataque aéreo promovido por Israel contra lideranças do Hamas em Doha, capital do emirado. O governo catari, porém, negou a versão.

Segundo a porta-voz Karoline Leavitt, o presidente Donald Trump determinou que seu enviado especial, Steve Witkoff, informasse os cataris sobre a ofensiva.

“Bombardear unilateralmente dentro do Catar, uma nação soberana e aliada próxima dos Estados Unidos, não ajuda os objetivos de Israel ou da América. Mas eliminar o Hamas, que lucra com a miséria em Gaza, é um objetivo digno”, disse Leavitt.

O Ministério das Relações Exteriores do Catar reagiu de forma imediata.

“As alegações de que o governo foi avisado previamente são completamente falsas”, afirmou o porta-voz Majed al-Ansari. Ele disse que a ligação de um funcionário americano ocorreu apenas quando as explosões já eram ouvidas em Doha.

O ataque ocorreu em uma área residencial da capital. O Hamas declarou que cinco de seus membros foram mortos, embora a principal equipe de negociação tenha sobrevivido. O Ministério do Interior catarense confirmou a morte de um oficial de segurança local.

Para Doha, a ação israelense foi um ato “covarde” e uma “violação flagrante da soberania e da segurança nacional”.

O Catar tem desempenhado papel central nas negociações de cessar-fogo apoiadas por Washington, tendo intermediado uma trégua em novembro de 2023 e outra de seis semanas em janeiro de 2025.

A ofensiva israelense ocorre dias após Trump advertir o Hamas sobre as consequências de não aceitar sua nova proposta de cessar-fogo.

Em comunicado, o grupo palestino afirmou que o ataque comprova que o governo de Benjamin Netanyahu “não deseja qualquer acordo” e acusou os Estados Unidos de serem cúmplices ao apoiar Israel.

Após o episódio, Trump conversou com Netanyahu e também com o emir Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani.

Segundo o órgão oficial do emirado, o líder catari condenou o bombardeio e alertou que a ação ameaça a estabilidade regional e bloqueia esforços diplomáticos.

“O Catar tomará todas as medidas necessárias para proteger sua segurança e preservar sua soberania”, afirmou.

O ataque ocorreu a poucos quilômetros da base de Al Udeid, a maior instalação militar americana no Oriente Médio, que abriga cerca de 10 mil soldados dos EUA, além de forças do Reino Unido e da própria Força Aérea do Catar.

O episódio também pressiona vizinhos do Catar, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos — que normalizaram relações com Israel em 2020, a se posicionarem.

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