A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi questionada nesta terça-feira, 9, sobre as revelações envolvendo o ex-presidente Donald Trump e Jeffrey Epstein.
Ela respondeu que os democratas “poderiam ter demonstrado sensibilidade com as vítimas há quatro anos, quando Joe Biden estava no poder, e exigido transparência”.
Segundo ela, as vítimas do predador sexual estão sendo usadas como “peões políticos para tentar manchar e criar um embuste” contra Trump.
Leavitt afirmou ainda que “analistas forenses” concluíram que a assinatura encontrada em uma das mensagens atribuídas a Trump, em um álbum de aniversário de Epstein, não corresponde à dele. “O presidente não escreveu essa carta. Ele não a assinou.”
A polêmica ganhou força após a divulgação de um álbum de aniversário de 50 anos de Epstein, liberado na segunda-feira (8) por democratas do Comitê de Supervisão da Câmara.
Entre os registros, aparece uma fotografia de Epstein segurando um cheque simbólico com a assinatura de Trump e uma anotação que sugere que o financista teria “vendido” uma mulher ao então empresário por US$ 22.500.
Na imagem, também estão Joel Pashcow, frequentador do resort Mar-a-Lago e membro de longa data do círculo social de Trump, e uma terceira pessoa, aparentemente uma mulher, cujo rosto foi ocultado.
A legenda, atribuída a Pashcow, dizia: “Jeffrey mostrando cedo seu talento com dinheiro e mulheres! Vende [redação] ‘totalmente depreciada’ a Donald Trump por US$ 22.500”.
Em seguida, acrescentava: “Também mostrou cedo seu talento com pessoas. Apesar de eu ter feito o negócio, não vi nenhum dinheiro pela garota!”
O Wall Street Journal revelou que a mulher retratada teria apenas socializado com Epstein e Trump nos anos 1990, sem qualquer relação romântica com ambos.
Seu advogado afirmou que ela cortou vínculos com Epstein em 1997, não conhecia Pashcow e classificou a nota como uma “farsa nojenta e profundamente perturbadora”.
O nome de Pashcow já havia aparecido em registros de voos de Epstein. Ele vive em Palm Beach, próximo a Mar-a-Lago, e é ligado à empresa de investimentos Nassau Capital.
Em 2020, uma reportagem da revista Mother Jones mostrou que ele integrava o conselho da fundação de polícia e bombeiros da região. Confrontado sobre Epstein, respondeu à publicação: “Você é realmente patético, sabia disso?”
Segundo os democratas, o chamado “livro de aniversário” teria sido organizado por Ghislaine Maxwell, cúmplice de Epstein, condenada em 2022 a 20 anos de prisão por tráfico sexual.
O material surgiu em meio a críticas bipartidárias sobre a forma como o governo Trump lidou com arquivos ligados ao financista.
Durante a campanha de 2024, Trump prometeu divulgar uma lista completa de clientes de Epstein. No entanto, ao assumir a presidência, o Departamento de Justiça declarou que tal registro não existia. Desde então, Trump passou a chamar as revelações de “fraude democrática”.
Trump e Epstein mantiveram amizade por décadas, até romperem em 2004. Segundo o presidente, o afastamento ocorreu porque Epstein teria “roubado” funcionárias do spa de Mar-a-Lago, entre elas Virginia Giuffre, que mais tarde denunciaria ter sido vítima de abuso.
Epstein foi condenado em 2008 por solicitação de prostituição de menor e morreu em 2019, em uma prisão federal, enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual.
Em ligação à NBC nesta terça, Trump evitou comentar o caso, afirmando que se trata de um “assunto encerrado”.
A controvérsia reacende acusações antigas contra Trump por conduta abusiva em relação a mulheres. Em 2016, ele foi flagrado em gravação vangloriando-se de poder “agarrar” mulheres por conta de sua fama.
Nas últimas décadas, dezenas de denúncias de assédio e abuso foram feitas contra ele, todas negadas.
Em 2023 e 2024, júris civis o consideraram responsável por abusar sexualmente da escritora E. Jean Carroll nos anos 1990 e por difamá-la.
Na segunda-feira (8), uma corte de apelação decidiu que Trump não poderá usar imunidade presidencial para evitar o pagamento de US$ 83,3 milhões em indenização à autora.