Zelensky denuncia ataque aéreo russo que matou mais de 20 em aldeia na Ucrânia

Um ataque aéreo russo resultou na morte de pelo menos 23 civis na aldeia de Yarova, no leste da Ucrânia, informou o presidente Volodymyr Zelensky na manhã desta terça-feira, 9. O vilarejo fica a 24 km da cidade de Sloviansk, em uma das poucas regiões do Oblast de Donetsk que continuam sob domínio de Kiev.

“Tais ataques da Rússia definitivamente não devem passar despercebidos pelo mundo. Os russos continuam destruindo vidas, mas evitam novas sanções severas, novos ataques violentos. O mundo não deve permanecer em silêncio”, escreveu Zelensky em uma publicação no X (ex-Twitter). “Ações enérgicas são necessárias para impedir que a Rússia cause mortes.”

O post do mandatário também apresentou um vídeo onde diversos corpos e restos mortais mutilados eram vistos espalhados pelo chão, além de grandes quantidades de destroços. De acordo com Zelensky, as vítimas eram pessoas comuns que estavam recebendo suas pensões quando foram atingidas pela ofensiva russa. O ataque é um dos mais duros contra civis ucranianos nas últimas semanas.

O incidente aconteceu por volta das 10h40 da manhã no horário local (4h40 no horário de Brasília). As autoridades informaram que Yarova foi atingida por uma “bomba planadora”, armamento utilizado somente próximo aos territórios controlados pelos russos. Segundo a emissora estatal ucraniana Suspilne, 18 pessoas ficaram feridas no episódio.

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“A propaganda russa afirma estar ‘salvando’ pessoas em Donetsk, mas, na verdade, está lançando bombas aéreas maciças sobre pessoas que vieram para receber pensões. A Rússia só traz morte, horror e destruição”, declarou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybiha.

Para o comissário de direitos humanos da Ucrânia, Dmytro Lubinets, o ataque é uma “confirmação do terror sistêmico contra a população civil” do país. O Kremlin não respondeu aos comentários das autoridades ucranianas, embora tenha negado focar em alvos civis em declarações anteriores.

Localizada em uma importante linha ferroviária, Yarova fica a apenas 6 km da vila de Noveselivka, região que vê avanços do exército russo. A proximidade da linha de frente torna a distribuição de pensões no local arriscada. Para o prefeito da cidade vizinha Lyman, Oleksandr Zhuravlyov, o episódio gera a necessidade de encontrar outras maneiras de prosseguir com os pagamentos.

“Como a linha de frente fica a menos de 10 km de distância, vamos ‘afastar’ todos esses pagamentos, para que eles possam ter suas pensões em lugares mais seguros”, declarou ele à Suspline.

Segundo a emissora britânica BBC, fotos do local de bombardeio mostram um veículo do Ukrposhta (serviço postal ucraniano), utilizado para distribuir pensões, completamente danificado. Um funcionário do Ukrposhta informou que o veículo estava escondido em meio às árvores por questões de segurança, e especulou a possibilidade de alguém ter revelado as coordenadas.

O ataque a Yarova ocorreu após o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmar que sanções ocidentais não “seriam capazes de forçar a Federação Russa a mudar sua posição consistente” em relação à guerra. No domingo 31, o país lançou um ataque massivo de drones e mísseis contra Kiev e outras cidades ucranianas, gerando reação forte dos países ocidentais, com os Estados Unidos declarando estarem prontos para “aumentar a pressão” econômica contra Moscou e os líderes europeus planejando uma nova rodada de sanções.

A Rússia vem pressionando as linhas de frente no leste do Donbass, uma região que almeja ocupar integralmente, enquanto as negociações para encerrar o conflito, que já dura três anos e meio, estão paralisadas.

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