O julgamento do homem acusado de tentar matar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou nesta segunda-feira, 8, em Fort Pierce, na Flórida. Ryan Routh, de 59 anos, teria planejado assassinar o mandatário enquanto o mesmo jogava uma partida de golfe em um de seus campos na Flórida no ano passado. Ele é acusado de 5 crimes diferentes, incluindo tentativa de homicídio e porte de arma de fogo com numeração adulterada.
Routh decidiu representar a si mesmo no tribunal, e, em caso de condenação, pode pegar prisão perpétua. Segundo Brian Donovant, o chefe do departamento de Justiça Criminal, Serviço Social e Sociologia da Southeast Missouri State University, a opção de atuar com seu próprio advogado é um comportamento que, nos casos de crimes contra figuras de alto perfil, tem o objetivo de divulgar uma menagem, e não montar uma defesa séria. “Eles querem usar isso como uma plataforma”, disse o especialista à emissora americana CNN.
Nesse momento, a escolha do acusado permitiu que pequenos “desafios” fossem feitos, como quando convocou Trump para uma “sessão de espancamento”. “Se ele vencer, pode me executar. Se eu vencer, consigo o emprego dele”, provocou Routh. Outras declarações oficiais por meio de documentos classificaram o presidente americano como “um porco racista”.
Ao falar sobre a estratégia da própria defesa, porém, ele sugeriu que tudo vai girar em torno de seu histórico pacífico, pretendendo usar colegas de trabalho e familiares como testemunhas.
A sessão será conduzida pela juíza Aileen Cannon, que emitiu uma decisão favorável a Trump no caso em que era processado pela retenção indevida de documentos confidenciais em 2024. À época, Cannon foi alvo de fortes críticas devido ao ritmo lento do julgamento.
+ Suprema Corte autoriza Trump a endurecer operações de imigração na Califórnia
Relembre o caso
Em setembro de 2024, Ryan Routh foi flagrado com um rifle escondido nos arbustos de um campo de golfe em West Palm Beach, na Flórida, onde Trump praticava o esporte. As evidências reunidas pela promotoria contra o homem envolvem depoimentos de testemunhas oculares, declarações de pessoas que afirmam ter vendido a arma de fogo a ele, e uma suposta carta em que confessa a tentativa de assassinato.
De acordo com as autoridades, ele teria feito várias viagens para Mar-a-Lago, famoso resort de Trump na Flórida, e para um campo de golfe nas proximidades. Através de dados emitidos pelo seu celular, foi possível verificar que Routh esperou quase 12 horas em um mesmo lugar no perímetro do campo onde Trump e seu enviado especial, Steve Witkoff, se encontraram naquele dia.
Enquanto Trump e Witkoff disputavam uma partida, um agente do Serviço Secreto identificou o cano de um rifle atravessando a linha da cerca e o rosto parcialmente escurecido de um homem. O agente disparou diversas vezes em direção a Routh, que fugiu para um carro próximo. Um cidadão nas proximidades conseguiu tirar fotos do veículo, um Nissan preto, e compartilhou-as com a polícia. Isso permitiu a captura do suspeito 45 minutos depois em uma rodovia local.
Depois de divulgada sua identidade, vieram à tona postagens antigas em seus perfis nas redes sociais, mostrando que ele foi eleitor de Trump em 2016 e que andava às voltas com um mirabolante plano para pôr fim à guerra na Ucrânia — incluindo o recrutamento de soldados afegãos —, tudo detalhado em um livro que publicou online ao viajar a Kiev como voluntário para lutar contra a Rússia.
Uma carta descoberta posteriormente e atribuída a ele apontava que “esta foi uma tentativa de assassinato contra Donald Trump, mas eu falhei. Eu tentei o meu melhor e dei toda a coragem que pude reunir. Agora, cabe a você terminar o trabalho; e eu oferecerei US$ 150 mil a quem puder concluir o trabalho”. O material foi encontrado em uma caixa que continha diferentes materiais de construção e uma lista escrita à mão de datas e locais onde o republicano apareceu ou deveria aparecer para eventos de campanha.