O Bank of America tem uma certeza sobre as próximas eleições presidenciais. Não, não se trata de antecipar quem será o vencedor. Mas na última quarta-feira, 3, em encontro com jornalistas na Faria Lima, em São Paulo, David Beker disse ter convicção de que a disputa será apertada. “Mas para qual lado? Sei lá”, indicou o chefe de economia para o Brasil e de estratégia para a América Latina do banco americano.
Os candidatos de ambos os lados do espectro político, ou da polarização que assola o país, ainda não estão definidos. Do lado da esquerda, o presidente Lula deve tentar nova reeleição. Pela direita, o favorito parece ser o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Mas a eleição está longe e muita coisa pode modificar esse cenário. Apesar disso, Beker diz notar uma antecipação do que é conhecido no mercado como “trade eleitoral”. “Historicamente, o mercado precifica eleição em maio do ano eleitoral. Parece que está antecipando”.
A bolsa de valores se recuperou em agosto e subiu mais de 6%, usando-se como referência o Ibovespa, que é o índice de referência no Brasil. Mas setembro começou devagar, com quedas seguidas nos primeiros dias do mês. Tudo isso coloca em risco a expectativa – ainda vigente – de que o índice vai chegar aos 150 mil pontos em dezembro.
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Janela de oportunidade à frente
Aliás, seja quem for o vencedor das eleições, o chefe do Bank of America no Brasil acredita que 2027 representa uma janela de oportunidade para o Brasil finalmente endereçar sua questão fiscal. O Brasil, na visão de Beker, não é o único país do mundo com esse problema, mas o quanto antes ele for atacado, melhor para atrair investimento para o país. O problema é que medidas do tipo não são populares com os eleitores e não serão adotadas até que se defina o novo presidente, que por sua vez evitará o assunto durante a campanha de 2026. Afinal, a disputa será acirrada e qualquer deslize pode ser perigoso.
Trump: vale só observar
Questionado por VEJA NEGÓCIOS sobre impactos de novas medidas de Donald Trump sobre a economia brasileira, Beker disse que é difícil de prever o que pode acontecer. O negócio, segundo o executivo, é observar a situação. “Muito difícil de responder”, diz Beker para em seguida concluir: “50% de tarifa já é muita tarifa”. O presidente dos Estados Unidos taxou as exportações brasileiras nesse patamar, embora tenha aplicado algumas exceções importantes, como foi o caso do suco de laranja e de aviões, beneficiando diretamente a Embraer.
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