Evento no Rio de Janeiro reuniu especialistas, lideranças e políticos num debate sobre as mudanças climáticas e os impactos no meio ambiente e no agro
O 24º Fórum Empresarial LIDE, no Rio de Janeiro, foi um passo importante para desconstruir narrativas e mostrar que sustentabilidade também é questão econômica. Na abertura do evento, na última sexta-feira (22), o painel “Adaptação às mudanças climáticas, os riscos aos biomas e ao agronegócio” foi bem explicativo sobre como o país ainda acredita em discursos arcaicos que desqualifica, principalmente, o setor agropecuário.
A ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi enfática ao ressaltar a importância do setor agropecuário para o país e o mundo. Ela lembrou que o Brasil é um dos principais players na área de segurança alimentar, respondendo por grande parte da alimentação do globo, e que, diante disso, é importante que a abordagem sobre o tema dê um passo adiante e se alinhe com o que é a realidade no resto do globo.
“É preciso ter sensibilidade para entender que a questão das mudanças climáticas não é um assunto estritamente ligado ao meio ambiente. Ele é geopolítico, geoeconômico e, principalmente, uma questão de desenvolvimento. A agricultura é levada a sério nesse país, razão pela qual não se pode falar em segurança alimentar sem que o Brasil faça parte da solução”, explicou Izabella.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, complementou a explanação da ex-ministra com números. O setor agropecuário, conhecido como o motor da economia nacional, responde por 25% do Produto Interno Bruto (PIB), 50% das exportações, 30% da força de trabalho e preserva 33% da vegetação natural que, se fosse monetarizado, corresponderia a mais de US$ 1 trilhão.
“Esse é um setor que vem contribuindo para o sucesso do país, que é referência mundial e altamente tecnológico, mas acaba sendo colocado no banco dos réus. Acho inadmissível que o Plano Clima, implementado pelo governo federal, impute ao setor agropecuário a culpa pelas mudanças climáticas, comprometendo-se a diminuir as emissões dos gases do efeito estufa (GEE) em 54%. É preciso que esse plano seja discutido pelo setor produtivo, pela sociedade e pelo Congresso”, frisou Meirelles.
Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ressaltou que hoje muitos desafios já foram superados, mas, quando chegou ao Congresso, defender a agricultura, ser pecuarista e falar em produtividade “era um palavrão”. Naquele momento, todos os que trabalharam para mostrar e defender a qualidade do agro nacional eram taxados como contrários ao meio ambiente. Caiado também lembrou que a sustentabilidade, que tem permeado todas as discussões políticas, econômicas e ambientais, equilibra-se sobre um tripé representado pelo meio ambiente, renda e condição de alimentação do povo.
“Já mostramos ao mundo, e estamos mostrando aos brasileiros, muitos que são resistentes, que não existe setor em nosso país que inclua mais ciência e tecnologia que o agro. Hoje, um grão de soja tem mais tecnologia que um smartphone”, afirmou Caiado.
Outros participantes, como o ex-secretário Francisco Maturro, também ressaltaram a sustentabilidade e a responsabilidade dos produtores rurais na construção de um país referência para o mundo. Ele lembrou que, segundo dados, apenas 7,8% do território nacional é de áreas produtivas. Hoje, pontuou, há a necessidade de aproximar mais as populações urbana e rural, para que a cidade possa conhecer os avanços do campo e o trabalho que é feito para garantir o alimento na mesa de todos.
Estiveram ainda no evento a vice-presidente da área de Sustentabilidade da Vale, Grazielle Parenti; o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Rio de Janeiro, Bernardo Rossi; o head de Sustentabilidade do LIDE, Roberto Klabin; e o CEO da Cedae, Aguinaldo Ballon, que falou da importância do saneamento básico como política de mitigação das mudanças climáticas.
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