Elevação da taxa Selic entre junho de 2024 e junho de 2025 foi um dos fatores que prejudicaram o desempenho do Plano Safra do ciclo anterior
O Plano Safra 2024/25, encerrado em junho de 2025, registrou desembolso de R$ 373,2 bilhões em crédito rural, distribuídos em 2,26 milhões de contratos. O valor corresponde a 78,3% do total programado (R$ 476,6 bilhões), indicando retração em relação à safra anterior, quando foram desembolsados R$ 421 bilhões.
Segundo o relatório elaborado pelo Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), o desempenho variou conforme o perfil dos beneficiários. O Pronaf (agricultura familiar) desembolsou R$ 64,4 bilhões, alta nominal de 2,9%, mas queda real de 3,2%. O Pronamp (médios produtores) liberou R$ 58 bilhões, crescimento real de 8,2%. Já o valor de desembolso para os demais produtores e cooperativas da agricultura empresarial foi de R$ 250,8 bilhões, uma queda real de 23,4%.
A elevação da taxa Selic, de 10,5% para 15% entre junho de 2024 e junho de 2025, encareceu o crédito rural, especialmente para operações não subsidiadas. Como essas linhas eram amplamente utilizadas pela agricultura empresarial, o encarecimento pode ter sido fator relevante na retração da demanda por financiamentos nesse segmento.
Houve aumento significativo da inadimplência – no caso de pessoas físicas em operações com taxas de mercado, a taxa saltou de 1,84% para 5,92% entre junho do ano passado e junho deste ano – o que pode ter contribuído para a redução nos volumes de desembolso. Isso porque a inadimplência pode levar as instituições financeiras a adotarem políticas de concessão de crédito mais restritivas, reduzindo assim a oferta.
O relatório mostra ainda o avanço de títulos privados para financiamento do agronegócio. As Cédulas de Produto Rural (CPR) cresceram 46,9% no período, atingindo um estoque de R$ 516,9 bilhões, enquanto as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) aumentaram 24,3%, chegando a R$ 587,5 bilhões.
Apesar dos entraves — atraso na divulgação do plano, suspensão temporária de linhas de crédito e ambiente econômico restritivo —, houve crescimento nominal nos desembolsos ao Pronaf e ao Pronamp. Já a agricultura empresarial teve redução, que foi parcialmente compensada pela diversificação das fontes de financiamento por parte de alguns produtores.
Para acessar o relatório completo, clique na imagem abaixo.
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