A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência articulou projetos para que o Estado de São Paulo desenvolva um exoesqueleto nacional e próteses feitas com fibra de bambu. A iniciativa busca reduzir custos, ampliar o acesso e transformar o território paulista em referência em tecnologia assistiva na América Latina, destacou o titular da pasta, Marcos da Costa, na última quarta-feira (20), quando esteve na cidade.
O campus local da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), por exemplo, investe na tecnologia de encaixe de próteses com fibra de bambu. O material, mais barato que o carbono usado atualmente, pode ampliar o acesso de pessoas amputadas a equipamentos de qualidade. O projeto está em fase de validação e será testado por 200 pessoas antes de ser lançado no mercado.
Já o exoesqueleto será desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) com investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Segundo Marcos da Costa, a articulação inclui também a Unicamp, que desenvolve um projeto voltado à comunicação de pessoas com deficiência, utilizando inteligência artificial (IA).
USP, Unicamp e Unesp receberão financiamento da Fapesp por um período inicial de cinco anos. A proposta de Bauru ainda recebeu R$ 2,5 milhões em emendas do senador Marcos Pontes (PL-SP), voltadas à expansão dos trabalhos.
O secretário destacou que o projeto da Unesp Bauru conta com 27 subnúcleos espalhados por todo o estado, envolvendo universidades como a UFSCar. Ao todo, são 10 instituições de ensino e seis instituições parceiras, como a Sorri Bauru.
ALÉM DA TECNOLOGIA
Marcos da Costa enfatizou que a atuação da secretaria é focada na articulação com outras pastas e não conta, por exemplo, com orçamento próprio para ser aplicado diretamente em obras de infraestrutura, como rampas de acesso.
“Quando a gente vai discutir educação inclusiva, nós articulamos junto à Secretaria de Educação o investimento em acessibilidade”, exemplificou.
Outro ponto importante para a pasta é o esporte. O Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo ajudou a delegação brasileira a alcançar o 4º lugar em medalhas nos Jogos Paralímpicos de Paris. Os 91 atletas paulistas foram responsáveis por 40% das medalhas brasileiras, destacou o secretário.
“O esporte é sensacional. Um exemplo é a bocha. A bocha paralímpica é praticada por pessoas com um nível de deficiência bastante expressivo, a ponto de muitas crianças não terem comunicação verbal nem domínio sobre o corpo. Elas utilizam um capacete com uma ponteira e acionam a bola com a cabeça. Quando você vê um jovem comemorando o ponto que fez, percebe o quanto o esporte pode fazer diferença na vida das pessoas”, acrescenta.
FORMAÇÃO
Marcos da Costa também ressaltou a criação da “Disciplina Paulista da Acessibilidade e Inclusão”, oferecida de forma facultativa nas três grandes universidades públicas do estado. A disciplina, criada em sua gestão, visa formar profissionais em diversas áreas com noções de ética, direitos e desenho universal, e já formou 10 mil estudantes no primeiro semestre.
O objetivo é que esses futuros profissionais, como médicos e arquitetos, lidem com a acessibilidade com naturalidade.
Sobre seus planos políticos, o secretário afirmou que está “realizado” na pasta e pretende continuar auxiliando o governador Tarcísio de Freitas a tornar São Paulo “um estado cada vez mais inclusivo”.
AGENDA
O secretário esteve em Bauru nesta terça-feira (19) e se reuniu com a prefeita Suéllen Rosim (PSD). No encontro, foram discutidos investimentos do Estado em políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência.
A prefeita apresentou o desejo de implantar na cidade um projeto inspirado no Centro TEA Paulista, dedicado ao atendimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Nas próximas semanas, representantes do município — incluindo a prefeita e o coordenador de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência, Fábio Manfrinato — irão à capital para conhecer a estrutura. A proposta é que Bauru seja a primeira cidade do interior a receber um centro voltado ao autismo.
Participaram ainda da reunião a secretária de Assistência Social, Lúcia Rosim, e a presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência, Ariani Sá, que é de Bauru.
Matéria: JCNET