Por Marcos R. Loncorovici Júnior

Considerando que em uma empresa sempre existem investimentos que precisam ser feitos, seja para atualizar seu parque fabril, modernizar a loja, trocar a frota ou até mesmo expandir, logo surge a necessidade de recursos financeiros para custear tais investimentos.

É fato que algumas empresas conseguem se organizar financeiramente e capitalizar-se para realizar esses investimentos sem recorrer a crédito. No entanto, essa não é a realidade de todas. É muito comum que haja a necessidade de alavancagem financeira para custear esses aportes.

Mas e quando a SELIC está alta e as linhas de crédito apresentam juros elevados? O que é possível fazer?

Tomar recursos no banco por meio de capital de giro ou financiamento não é a única alternativa. Existem outras ferramentas de alavancagem que podem ser utilizadas para apoiar sua empresa nos investimentos necessários.

Além da alta da SELIC, outros fatores têm dificultado a obtenção de crédito, como o aumento da inadimplência e o alto risco em determinados setores. Isso faz com que a análise de crédito fique mais criteriosa, tornando a concessão de crédito ainda mais desafiadora.

Como investir mesmo em um cenário adverso?

Antes de qualquer investimento, é necessário analisar se a empresa pode suportar o custo e se a iniciativa realmente é necessária e adequada ao momento. Se necessário, contar com o apoio de consultorias pode ser uma boa opção para avaliar essa possibilidade. Uma vez validado o investimento e confirmada a capacidade da empresa em arcar com ele, é possível dar sequência ao planejamento.

Alguns mecanismos podem substituir ou complementar as tradicionais linhas de capital de giro e financiamentos. Entre eles estão:

  1. Consórcios – A empresa pode se organizar para participar de um consórcio e utilizá-lo de forma planejada, garantindo a aquisição de bens e equipamentos sem recorrer a juros elevados. Essa estratégia permite que o investimento seja feito de maneira estruturada e dentro das condições da empresa.
  1. Linhas de crédito com recursos do exterior – Essa modalidade, geralmente contratada em dólar, pode ser ajustada para pagamentos em reais com hedge. Bancos comerciais oferecem esse tipo de crédito com um custo significativamente menor do que as operações habituais de financiamento. Além disso, o fluxo de pagamento costuma ser mais flexível, com amortizações semestrais. Essa alternativa tem sido interessante para empresas que possuem um bom histórico de crédito e buscam opções de menor custo para se alavancar.
  2. Aluguel de equipamentos – Essa opção funciona de forma semelhante às operações de leasing. Em vez de adquirir os equipamentos diretamente, a empresa pode apresentar seu projeto de expansão ou renovação de maquinário a empresas especializadas, que compram os equipamentos necessários e os disponibilizam para locação.

Diferente do aluguel de itens comuns, como caçambas, andaimes ou plataformas de construção, esse modelo envolve uma negociação estruturada entre a empresa locadora e os fabricantes. Ao final do contrato, a empresa tem a opção de adquirir os equipamentos mediante o pagamento de um percentual previamente acordado, que varia conforme as características do bem. Algumas operações desse tipo apresentam um custo financeiro bem inferior ao CET (Custo Efetivo Total) das tradicionais linhas de capital de giro disponíveis no mercado.

Alternativas internas para melhorar a gestão e evitar grandes endividamentos

Além dessas opções de financiamento, algumas estratégias podem ser implementadas internamente para melhorar os resultados sem demandar investimentos significativos.

Uma delas é a otimização de processos e fluxos de trabalho. Pequenas mudanças no layout de uma loja podem aumentar a eficiência operacional e até mesmo impulsionar as vendas. Da mesma forma, a revisão de processos na linha de produção de uma indústria pode gerar economia e ganhos de produtividade, mas ainda como solução, manter um calendário de marketing ativo envolvendo parceiros e fornecedores, pode ser um apoio para receber investimentos (mesmo que sejam menos relevantes) e ainda fomentar aumento nas vendas e reforço da marca.

Em tempos de juros elevados, a criatividade e a eficiência na gestão tornam-se ainda mais importantes. Explorar alternativas além dos financiamentos tradicionais pode ser a chave para garantir a sustentabilidade e o crescimento do negócio. Afinal, a boa gestão não é um diferencial – é uma obrigação para qualquer empresa que deseja prosperar.

*Marcos R. Loncorovici Júnior | Graduado em Administração, pós graduado em gestão de pessoas, finanças, marketing e gestão estratégica de negócios, consultor sócio na empresa Alicerce consultoria, Professor em cursos de Pós graduação de controladoria e finanças e mestrando em Administração para Organizações Inovadoras.

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